Descoberta forma de detetar sensibilidade à quimioterapia
A quimioterapia é um dos métodos utilizados para tratar a doença neoplásica. Este tipo de tratamento tem, muitas vezes, influência no bem-estar geral dos pacientes. Recentemente, um estudo conduzido por cientistas do HMRI e da Universidade de Newcastle, na Austrália, identificou uma proteína que, quando presente em grandes quantidades, nos tumores de cancro da mama, é um indicador que prevê a eficácia das terapias que danificam o ADN, como a quimioterapia.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
CANCRO, INVESTIGAÇÃO E NOVAS TERAPIAS
A ciência avançou prodigiosamente na luta contra o cancro, mas o mundo natural tem sido o arsenal mais eficaz da medicina, fornecendo desde antibióticos a potentes fármacos. LER MAIS
Segundo Luiza Steffens-Reinhardt, principal autora do estudo, esta descoberta pode levar a uma quimioterapia mais eficaz para pacientes com cancro da mama.
O cancro da mama é a quinta principal causa de morte por cancro no mundo. Prevê-se que uma em cada 9 mulheres que viva até aos 80 anos terá cancro da mama. Em Portugal, anualmente são detetados cerca de 6.000 novos casos deste cancro e 1.500 mulheres morrem com a doença.
Para a investigação a equipa analisou uma variante específica de uma proteína denominada p53 pois estudos anteriores haviam mostrado que ela está presente em níveis elevados no cancro da mama e está associada à sua recorrência.
Os especialistas verificaram então que, ao aumentar os níveis dessa variante do p53, as células do cancro da mama deixaram de responder às terapias existentes, como a quimioterapia. Assim, a inibição dessa variante pode melhorar as respostas das pessoas aos tratamentos de cancro atualmente usados. Esta teoria foi confirmada recentemente em seres vivos.
A cientista realça que a principal razão pela qual as mulheres morrem de cancro da mama é a resistência ao tratamento. Um cancro da mama resistente ao tratamento é impossível de curar, portanto, há uma necessidade urgente de melhorar as terapias que visam as células responsáveis pela resistência a essas terapias.
Esta investigação, publicada no jornal Cell Death & Disease, pode ser um primeiro passo para direcionar melhor o tratamento deste tipo de cancro. Se se conseguirem identificar biomarcadores que prevêem de que forma um paciente responderá a certas terapias, será possível direcionar os tratamentos disponíveis de forma mais eficaz.