Durante a investigação os cientistas estudaram a quimioterapia em cobaias que tinham cancro de mama que havia metastizado para o cérebro.
Alguns dos ratinhos receberam os tratamentos quando havia luz do dia – sendo que estes animais são noturnos e por isso, a essa hora, estariam em repouso. Outro grupo de animais recebeu a quimioterapia de noite, um cenário que se assemelha mais ao seu período ativo.

Os especialistas comprovaram que a quimioterapia na fase escura matou mais células tumorais cerebrais do que a administrada na fase clara. Verificou-se ainda que os tratamentos na fase escura também foram mais eficazes a retardar os sintomas neurológicos, assim como os padrões estranhos de caminhada e a perda de controle muscular. Além disso, o tratamento noturno aumentou a taxa de sobrevivência média em cerca de 20%.

Segundo o professor William Walker, o estudo – por enquanto levado a cabo apenas em cobaias –, revelou que a barreira hematoencefálica é dinâmica, e não estática, indicando que os tratamento de quimioterapia no momento adequado poderiam atingir mais eficazmente os tumores visados.

A barreira hematoencefálica impede que substâncias estranhas entrem no cérebro. Isso e bom quando se trata de toxinas e germes, mas torna o tratamento de tumores no cérebro mais complicado porque, ao proteger o cérebro de coisas que o prejudicariam, a barreira hematoencefálica também bloqueia a quimioterapia, que seria benéfica.

Já se sabia que a cronoquimioterapia é benéfica, no entanto, é a primeira vez que se demonstra que esta é benéfica no tratamento de metástases cerebrais.

O investigador Randy Nelson refere que o próximo passo é testar o mesmo procedimento em humanos. Normalmente os pacientes em quimioterapia recebem os seus tratamentos durante o dia mas, se se der o caso de as pessoas terem de se parecer mais com moscas e a barreira hematoenfefálica do cérebro se abrir à noite, então essa poderá ser a melhor altura para se fazer quimioterapia.

A quimioterapia é um tratamento médico no qual são utilizadas substâncias químicas com atividade antitumoral, sob a forma isolada ou em combinação, de modo a assegurar que cada célula de uma população tumoral seja exposta a um fármaco, em dose suficiente e por um período adequado para a destruir. A quimioterapia pode ser utilizada como única arma terapêutica ou em associação com outras modalidades.
O número de tratamentos necessários, bem como a sua duração e frequência, dependem do tipo de doença, do tipo de quimioterapia e da resposta do organismo de cada paciente.