Shawn Burgess, um dos autores do estudo, explica que os humanos e outros mamíferos nascem com um determinado número de células ciliadas que são lentamente perdidas devido ao envelhecimento e a traumas. No entanto, alguns animais, como o peixe-zebra, podem regenerar as células ciliadas e recuperar a audição após uma lesão.

Este tipo de célula ciliada atua como um recetor sensorial do sistema auditivo e do sistema vestibular (o conjunto de órgãos do ouvido interno responsáveis pelo equilíbrio). A função destas células é transformar as ondas sonoras captadas em impulsos nervosos.

No estudo, publicado na revista científica Cell Genomics, foi usado um modelo animal e os investigadores descobriram que a regeneração das células ciliadas nos peixes-zebra dependia de uma rede de proteínas que podem ativar e desativar genes, conhecidos como fatores de transcrição.

Erin Jimenez, outra das autoras do estudo, revelou que durante a investigação foram identificadas duas famílias de fatores de transcrição que trabalham juntas para ativar a regeneração de células ciliadas no peixe-zebra, designadas fatores de transcrição Sox e Six. No futuro, esse grupo de fatores de transcrição do peixe-zebra pode tornar-se um alvo biológico que poderá levar ao desenvolvimento de uma nova terapia para tratar a perda auditiva em humanos, refere.

Outras investigações estão a estudar o poder de restauração celular dos animais, como o axolote. Neste caso, os especialistas estão interessados no processo de regeneração cerebral e como este poderia ser aproveitado pelos humanos.

Os minúsculos peixes-zebra (Danio rerio) são criaturas muito estudadas pela ciência pelas suas extraordinárias capacidades. São utilizados como organismos para diversos modelos experimentais em estudos comportamentais, genéticos e toxicológicos. Tratando-se de um modelo que apresenta um alto grau de similaridade genética com os humanos, permite o entendimento de mecanismos relacionados com patologias humanas.