Novo tratamento pode resultar em mais doadores de pulmão
Um número elevado de pulmões doados não pode ser utilizado para transplante. Uma equipa de investigadores da Universidade de Lund, na Suécia, e do Hospital Universitário Skåne realizou um estudo com animais que veio trazer esperança de que mais pulmões de doadores possam ser usados no futuro. Os especialistas lançaram um estudo piloto para descobrir se o tratamento terá os mesmos efeitos positivos em seres humanos.
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TRANSPLANTES O PRÓXIMO FUTURO
Desde o primeiro transplante, há cerca de meio século, já foram realizados mais de cem mil transplantes de órgãos em todo o mundo, comprovando o sucesso desta intervenção moderna. LER MAIS
Cerca de 190 órgãos são doados na Suécia todos os anos. Devido a lesões nos pulmões, apenas cerca de 30% podem ser usados para transplante. Além disso, a taxa de mortalidade é alta, ou seja, cerca de metade dos pacientes morre no prazo de cinco anos após o transplante.
Segundo Sandra Lindsted, do Hospital Universitário Skåne, em Lund, os resultados do estudo indicam que um determinado tratamento pode ajudar a usar uma parte maior de um pulmão de doador, além de se verificar um resultado melhor durante os primeiros dois dias após a cirurgia.
No estudo em porcos, os especialistas investigaram os efeitos da redução dos níveis de citocinas nos pulmões. As citocinas são pequenas proteínas que são produzidas por células específicas do sistema imunológico.
A função dos pulmões foi reduzida antes do transplante, de modo que os pulmões desenvolveram síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Ao fazer isso, os pulmões adquiriram lesões semelhantes às dos pulmões de doadores em humanos. Em dez casos, o pulmão do doador foi tratado – antes e depois do transplante, ou apenas após o transplante. Seis casos fizeram parte de um grupo controle e não receberam nenhum tratamento.
Graças aos níveis reduzidos de citocinas verificou-se que a função pulmonar foi restaurada para uma capacidade maior do que anteriormente. Além disso, os pulmões estavam a funcionar melhor após o transplante e as complicações durante as primeiras 48 horas após o transplante foram reduzidas.
Isto não funcionará em todos os pulmões de doadores, mas se se puder usar em alguns dos pulmões de doadores que são descartados hoje, pode ser de grande importância para pacientes em lista de espera por um transplante. Os investigadores esperam estar a criar os pré-requisitos necessários para salvar mais pacientes.
Para poder conduzir este estudo, publicado na revista científica Nature Communications, foi criada uma unidade especial que reuniu todas as competências necessárias e que incluiu diferentes especialidades clínicas, como cirurgiões torácicos, anestesiologistas, perfusionistas, enfermeiros de centro cirúrgico e enfermeiros de anestesiologia.
Os resultados do trabalho são a base de um estudo piloto clínico recém-iniciado no Hospital Universitário Skåne. Todo o estudo consiste em 20 transplantes, metade dos quais serão tratados para reduzir os níveis de citocinas e o restante será tratado da maneira convencional. Se se obtiverem resultados positivos, o estudo será ampliado e serão incluídos 120 transplantes nacionalmente.
Anualmente, são realizados cerca de 50 a 60 transplantes de pulmão no Hospital Universitário Skåne e no Hospital Universitário Sahlgrenska, em Gotemburgo. A esperança é que, graças ao novo tratamento, este número aumente.