Fumar durante a gravidez não causa PHDA nas crianças
Uma nova revisão sistemática e meta-análise realizada por investigadores da Universidade de Bristol permitiu concluir que o tabagismo pré-natal materno está associado à perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA), mas é improvável que seja a sua causa.
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Vários estudos mostraram que o tabagismo materno durante a gravidez pode contribuir para o PHDA das crianças, no entanto, não é evidente nesses estudos se isso reflete um verdadeiro efeito causal ou se é o resultado de fatores de confusão, como posição socioeconómica, educação e idade materna, por exemplo. A nova revisão tentou encontrar uma resposta para essa dúvida.
Na investigação, publicada na revista científica Addiction, foram analisados 46 estudos que avaliaram a associação entre o tabagismo pré-natal materno e o diagnóstico de PHDA nas crianças. A revisão incluiu estudos que contabilizavam os efeitos genéticos, para além das abordagens convencionais.
Alguns desses estudos indicaram que a genética partilhada desempenha um papel substancial na associação do PHDA nas crianças com o tabagismo pré-natal, no entanto, é possível que o tabagismo por si só não cause a PHDA.
Segundo Elis Haan, autora principal do estudo, esta revisão sistemática mostra que não há efeito causal entre o tabagismo pré-natal materno e o diagnóstico de PHDA nas crianças. No entanto, as mulheres grávidas devem continuar a ser aconselhadas a não fumar durante o período de gestação, pois o tabagismo pré-natal tem efeitos prejudiciais noutros problemas de saúde infantil.
A perturbação de hiperatividade e défice de atenção é uma condição neurobiológica do desenvolvimento e comportamento caracterizada por três sintomas principais: inatenção, hiperatividade e impulsividade. A prevalência situa-se entre os 3% a 10% nas crianças em idade escolar, sendo 3 a 4 vezes mais frequente nos rapazes.