Uma investigação realizada por cientistas das Universidades de Durham e Newcastle, no Reino Unido, permitiu descobrir que uma proteína encontrada na saliva das carraças pode ser transformada num fármaco que alivia a comichão e a dor crónica.
A dor é um fenómeno subjectivo e de enorme complexidade, devido à conjugação de vários factores biofisiológicos, bioquímicos, psicológicos, comportamentais, sociais, culturais e morais.
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Os cientistas verificaram que a Votucalis, derivada da saliva das carraças, mais especificamente da espécie Rhipicephalus appendiculatus, proporciona alívio da dor crónica e da comichão. A carraça expele a proteína no seu hospedeiro ao alimentar-se, para que este não se aperceba que foi mordido.
No estudo, publicado na revista científica Frontiers in Pharmacology, foi criado um fármaco biológico que se liga à histamina, um composto envolvido em processos bioquímicos de respostas imunológicas, e impede que a histamina ative os seus quatro recetores de superfície celular, o que resulta numa redução da comichão e da dor crónica.
As condições que causam dor crónica ou comichão incluem dermatite atópica, psoríase, artrite, diabetes, ciática, e lesões nas costas. Estes problemas provocam muito sofrimento aos doentes, e a medicação habitual apresenta uma eficácia limitada e ainda pode ser prejudicial para os mesmos.
O Votucalis já foi testado em humanos com outras condições, incluindo conjuntivite, sem grandes efeitos colaterais, o que significa que existe potencial para que seja desenvolvido um fármaco para combater a dor crónica e a comichão.
Este estudo é o primeiro a mostrar evidências do potencial do Votucalis para aliviar estas condições. O que quer dizer que se pode estar perto de descobrir uma alternativa viável aos opioides e aos gabapentinoides. Ao contrário dos opioides – que são baseados em morfina – o estudo revela que o Votucalis não atinge o cérebro, o que significa que não vicia e tem menos propensão para causar efeitos colaterais.
Segundo os cientistas, os opioides e os gabapentinoides, medicamentos usados atualmente nestes casos, não devem ser prescritos a doentes recém-diagnosticados com dor crónica, pelo que havia uma necessidade urgente de desenvolver um novo medicamento de longa duração, que fosse eficaz e seguro para usar nestes doentes.
Ainda que o estudo tenha permitido concluir que o novo fármaco inibe quatro recetores histamínicos de forma a aliviar a comichão e a dor, os cientistas destacaram que o medicamento necessita de ser testado em humanos antes de ser comercializado.
