Assédio no trabalho aumenta risco de uso de psicotrópicos
O assédio sexual no local de trabalho pode afetar a saúde mental dos funcionários, levando ao aumento do uso de antidepressivos e medicamentos ansiolíticos, revela um estudo realizado por cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia.
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Segundo Katrina Blindow, estudante de doutorado do Instituto de Medicina Ambiental, do Instituto Karolinska, outros estudos haviam revelado a existência de uma associação entre o assédio sexual e de género no local de trabalho e os problemas de saúde mental. Este estudo mostra, pela primeira vez, um risco aumentado de as vítimas tomarem medicamentos psicotrópicos, o que sugere a existência de problemas psicológicos sérios e duradouros.
O estudo, publicado na revista científica Environmental Medicine Reports, foi realizada pela autoridade sueca para o ambiente de trabalho e distribuída por uma secção aleatória da população trabalhadora da suécia entre 2005 e 2013.
Uma média de 5,2% a 7,5% de mais de 23.000 participantes referiram ter sido submetidos a assédio sexual ou de género, respetivamente, no seu local de trabalho nos últimos 12 meses. O assédio baseado no género envolveu um tratamento humilhante e comentários negativos relacionados com o género dos participantes.
Os cientistas distribuíram um inquérito a uma seleção aleatória da população ativa e analisaram informações sobre a compra de antidepressivos e ansiolíticos dos participantes até nove anos após a sua participação no inquérito.
Os resultados mostraram que as pessoas que declararam ter sido sujeitas a assédio sexual ou baseado no género tinham um risco 20% mais elevado de uso de medicamentos psicotrópicos do que aquelas que não o foram, um número que subiu para 31% para as pessoas que declararam ter sido sujeitas a assédio sexual e assédio baseado no género. Não houve diferença nestas constatações entre mulheres e homens.
O estudo não pode determinar qualquer relação causal, e os cientistas referem que podem estar em jogo fatores de confusão residual além dos fatorers considerados.
Concluem, assim, que o assédio sexual e o assédio baseado no género podem ter consequências duradouras para as vítimas e que os profissionais da saúde, assim como os empregadores, precisam de estar conscientes de que o assédio no trabalho pode causar doenças mentais graves.