Estudo revela que os antibióticos não estão associados à demência
A toma de antibióticos por idosos saudáveis não está associada a um risco aumentado de comprometimento cognitivo ou demência, revelou um estudo publicado recentemente na edição online da revista Neurology.
Investigações anteriores descobriram que os antibióticos perturbam o microbioma intestinal. Como o microbioma foi considerado importante para manter a saúde geral e, possivelmente, a função cognitiva, havia a preocupação de que os antibióticos pudessem ter um efeito prejudicial no cérebro a longo prazo.
Tendo em consideração que os idosos tomam antibióticos com maior frequência e que também correm maior risco de declínio cognitivo, as descobertas dão maior segurança na toma desses medicamentos.
No estudo, realizado por investigadores da Harvard Medical School, em Boston, participaram 13.571 pessoas saudáveis com mais de 70 anos. A equipa definiu “saudável” como a ausência de doença cardíaca, demência, deficiências físicas graves ou quaisquer problemas de saúde que pudessem encurtar a vida para menos de cinco anos.
Durante os dois primeiros anos do estudo todos os participantes estavam livres de comprometimento cognitivo e de demência. Nesse período, os especialistas apuraram o uso de antibióticos pelos participantes analisando os registos de prescrição. Um total de 63% das pessoas tinha tomado antibióticos pelo menos uma vez durante esse tempo.
Os participantes foram, então, divididos em dois grupos: aqueles que tinham tomado antibióticos e aqueles que nunca os haviam tomado. Os grupos foram ainda divididos com base na quantidade de prescrições de antibióticos que haviam recebido nos dois primeiros anos – de zero a cinco, ou mais prescrições –, a fim de avaliar se mais antibióticos aumentavam o risco das pessoas.
Num acompanhamento durante uma média de cinco anos, 461 pessoas desenvolveram demência e 2.576 pessoas desenvolveram comprometimento cognitivo.
Então, os especialistas examinaram se a toma de antibióticos durante os primeiros dois anos estava associado a mudanças ao longo do tempo nas habilidades de pensamento e memória.
Os participantes fizeram uma série de testes cognitivos no início do estudo, após um ano e, a partir de então, a cada dois anos. Esses testes mediram habilidades de pensamento e memória, como atenção, função executiva e linguagem.
Depois de analisarem as pontuações e compararem as pessoas que tinham tomado antibióticos com aquelas que não os tinham tomado, chegaram à conclusão que não havia nenhuma diferença entre os dois grupos.
Após o ajuste para fatores como histórico familiar de demência, função cognitiva no início do estudo e medicamentos conhecidos por afetar a cognição, a equipa concluiu que o uso de antibióticos não estava associado a maior risco de comprometimento cognitivo ou demência quando comparado a não tomar esses medicamentos.
Também não se encontraram associações com o uso cumulativo de antibióticos, uso contínuo ou com tipos específicos de antibióticos.