Novo antibiótico pode eliminar superbactéria mortal
Uma equipa de investigadores da Universidade de Harvard e da farmacêutica Roche descobriu um novo antibiótico, denominado zosurabalpina, que pode eliminar eficazmente a bactéria Acinetobacter baumannii, responsável por graves infeções urinárias, pulmonares e no sangue.
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Conhecida como “Crab”, a bactéria é classificada como patógeno crítico de prioridade 1 pela OMS, juntamente com duas outras formas de bactérias resistentes a medicamentos – Pseudomonas aeruginosa e Enterobacteriaceae.
De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), a Acinetobacter baumannii resiste a antibióticos carbapanemos, usados para tratar infeções severas, pelo que representa uma ameaça significativa para os pacientes e os sistemas de saúde.
Kenneth Bradley, um dos investigadores envolvidos na descoberta, explica que a zosurabalpina tem a sua própria classe química e um método de ação único. Trata-se de uma abordagem nova, tanto em termos do composto em si, como do mecanismo pelo qual mata as bactérias.
A zosurabalpina inibe o crescimento da Acinetobacter baumannii, impedindo o movimento de grandes moléculas chamadas lipopolissacarídeos (LPS) para a membrana externa, onde são necessárias para manter a integridade da membrana. Isso faz com que as moléculas se acumulem dentro da célula bacteriana. Os níveis na célula tornam-se tão tóxicos que a própria célula morre.
A investigação, publicada na revista científica Nature, permitiu descobrir que a zosurabalpina foi eficaz em mais de 100 amostras clínicas de Crab testadas. O novo antibiótico reduziu consideravelmente os níveis de bactérias em ratos com pneumonia e evitou a morte de ratos com septicemia causada pela bactéria.
Os especialistas relembram que a descoberta de medicamentos que tenham como alvo bactérias Gram-negativas nocivas é um desafio de longa data devido às dificuldades em fazer com que as moléculas atravessem as membranas bacterianas para atingir alvos no citoplasma. Compostos bem-sucedidos normalmente devem possuir uma certa combinação de características químicas.
A zosurabalpina está agora na fase 1 de ensaios clínicos para avaliar a segurança, tolerabilidade e farmacologia da molécula em humanos.