A cetamina é um anestésico dissociativo tradicionalmente usado para induzir a manter a anestesia cirúrgica mas, ultimamente, tem havido um interesse crescente no seu uso “off-label” – às vezes em conjunto com a psicoterapia – para manter a abstinência de pessoas com este tipo de transtornos por mais tempo.

Publicado da revista científica The American Journal of Psychiatry, o estudo incluiu 96 pessoas com problemas de consumo de álcool que estavam abstinentes na altura da investigação.

Os cientistas verificaram que a combinação de cetamina com terapia psicológica aumentou a sobriedade durante 162 de 180 dias, correspondendo a 87% de abstinência. Segundo os especialistas, estes números sugerem que a terapia pode também ter evitado recaídas.
Este grupo tinha também acima de 2,5 vezes mais probabilidades de permanecer completamente em abstinência no final do ensaio do que os grupos do placebo.

Constatou-se ainda que a cetamina e a terapia podiam promover a abstinência durante seis meses, embora os resultados tenham sido mais mistos entre os grupos. Os doentes que tomaram apenas cetamina também tiveram menos taxas de depressão após três meses e uma melhor função hepática do que os que tomaram o placebo.

Merve Mollaahmetoglu, líder da investigação, refere que a cetamina pode causar alucinações, dissociação e mudanças na perceção, uma das razões pelas quais a substância tem o potencial de tratar condições de saúde mental caracterizadas por um comportamento rígido, tal como a dependência.

Nos participantes a cetamina induz uma sensação que pode estimular um estado de observação, o que os pode ajudar a reavaliarem as suas decisões e a terem em conta os seus pensamentos e emoções.
Os cientistas concluíram que a cetamina mudou o seu pensamento e opinião e a terapia psicológica os ajudou a ligar estes pensamentos e a pensarem de uma forma diferente.