Estudo revela que antibacteriano triclosan prejudica o intestino
Um estudo realizado por uma equipa internacional de cientistas da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Universidade de Massachusetts Amherst, nos EUA, e pela Universidade Batista de Hong Kong permitiu concluir que o triclosan, um antibacteriano presente em pastas dentífricas, cosméticos, brinquedos e em milhares de outros produtos, pode desencadear uma inflamação intestinal.
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MICROBIOTA INTESTINAL - Fundamental para a boa saúde do organismo
A microbiota é o conjunto de microrganismos que convivem simbioticamente com o nosso corpo, excedendo o número de células do nosso próprio organismo na proporção de dez para um. LER MAIS
O triclosan, de nome químico 5-cloro-2-(2,4-diclorofenoxi) fenol, é uma das substâncias antibacterianas mais popularmente encontradas em produtos para o consumidor. Trata-se de um agente antimicrobiano de amplo espetro e desde a sua descoberta foi considerado seguro para uso em humanos. A indústria rapidamente incorporou o triclosan em muitos produtos de higiene pessoal, incluindo sabonetes, desodorizantes, géis de banho, colutórios bucais e pastas de dentes.
Mas além de não existirem provas de que a substância tenha mais benefícios do que um sabonete comum, este produto é precisamente um dos antimicrobianos que podem desencadear a seleção de bactérias resistentes a si mesmo, e a outros antibióticos, pelo mecanismo de resistência cruzada.
Investigações anteriores já haviam demonstrado a toxicidade do triclosan, mas as novas experiências dão uma visão mais detalhada das mudanças causadas pelo químico na população microscópica do intestino.
Os cientistas ligaram enzimas microbianas específicas do intestino, nomeadamente as beta-glucuronidases (GUS) microbianas do intestino com o triclosan e constataram que essas enzimas levam o triclosan a causar estragos no intestino.
Tendo identificado as proteínas bacterianas culpadas, a equipa de cientistas usou um inibidor direcionado ao microbioma para bloquear o processamento do triclosan no intestino. O bloqueio desse processo evitou danos ao cólon e inibiu os sintomas de colite, uma forma de doença inflamatória intestinal.
A identificação da bactéria culpada permite desenvolver novas abordagens para o diagnóstico, prevenção e tratamento destas doenças.
O triclosan costumava estar presente em sabonetes antibacterianos mas em 2016, nos EUA, a FDA determinou que fosse retirado dos produtos de lavagem das mãos utilizados em casas e hospitais devido à preocupação de que a substância contribuísse para bactérias mais resistentes aos antibióticos.
O produto continua, no entanto, presente como ingrediente adicionado a cosméticos, tapetes e outras roupas e equipamentos desportivos para reduzir a contaminação bacteriana. É ainda utilizado em muitos dentífricos, com a aprovação da FDA, uma vez que previne a gengivite.