Fármaco para Alzheimer pode ser usado para tratar glioblastoma
Uma equipa de cientistas da Clínica de Cleveland, nos EUA, descobriu que os medicamentos desenvolvidos para tratar a doença de Alzheimer podem ser eficazes contra o glioblastoma, o tipo mais comum e letal de tumor cerebral primário.
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Segundo os cientistas, uma classe de medicamentos denominada inibidores de BACE1, candidatos ao tratamento da doença de Alzheimer, inibiam a proteína BACE1 que é responsável pela produção de placas amilóides no cérebro, no entanto, o fármaco revelou baixa eficácia no tratamento da doença.
Os cientistas explicaram que a BACE1 também é expressa numa classe de macrófagos associados a tumores (TAMs, na sigla em inglês) que se encontram no microambiente tumoral ou nos componentes celulares não cancerígenos de tumores sólidos.
Os macrófagos associados a tumores são particularmente abundantes no glioblastoma, e o facto levou a equipa de investigação, coordenada pelo Dr. Shideng Bao, a questionar-se se os inibidores de BACE1 poderiam ser eficazes no tratamento ou prevenção desta forma altamente agressiva de cancro no cérebro.
Durante a investigação foram examinados vários compostos para identificar os candidatos mais promissores contra os macrófagos promotores de tumores (pTAMs) tendo sido revelado um inibidor de BACE1 chamado MK-8931 (verubecestat).
Descobriram então que o tratamento de modelos pré-clínicos de glioblastoma com o verubecestat reprogramou os pTAMs para macrófagos supressores de tumores (sTAMs). O resultado foi que os pTAMs ajudaram a destruir as células tumorais, incluindo as células estaminais do glioma.
Assim, os cientistas chegaram à conclusão que estas alterações reduziram significativamente o crescimento tumoral. Os benefícios foram ainda mais pronunciados quando o verubecestat foi administrado em combinação com radiação de baixa dose, uma vez que isso aumenta a infiltração do TAM no tumor.