Projeto na Guiné-Bissau para estudar bactéria da tuberculose africana
Cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), da Universidade do Porto, lançam esta quarta-feira, 5 de dezembro, na Guiné-Bissau, um projeto para perceber a razão pela qual a bactéria da tuberculose africana é “menos severa” e tem “uma progressão mais lenta”.
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Em entrevista à Lusa, Margarida Saraiva, líder do projeto ‘Immune Regulation’ do i3S revelou que o principal objetivo dos investigadores é “perceber por que é que a tuberculose provocada pela micobactéria africana é menos severa e tem características diferentes da bactéria da tuberculose”.
O projeto, denominado ‘Host pathogen interactions in tuberculosis: lessons from Mycobacterium africanum’ e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT & Aga Khan), e foi lançado esta quarta-feira na Guiné-Bissau, país da África Ocidental, onde, segundo a investigadora, a “doença é muito prevalente”.
“A doença é muito prevalente na Guiné-Bissau, aliás, o último estudo feito, que comparava a bactéria da tuberculose [Mycobacterium tuberculosis] com a bactéria africana [Mycobacterium africanum], indicava que cerca de 50 por cento da doença era provocada pela bactéria africana”, frisou.
Segundo Margarida Saraiva, a equipa de investigadores pretende ainda compreender por que é que “a progressão da micobactéria africana é mais lenta” e qual o motivo que justifique que esta não se tenha alastrado de África aos restantes continentes.
“Queremos entender, por um lado, por que é que a micobactéria africana demora mais tempo a surgir, e por que é que da África Ocidental não se dispersou para todo o mundo, como a bactéria da tuberculose o fez”, revelou.
A iniciativa, que conta com a colaboração do Projeto Saúde de Bandim da Universidade do Sul da Dinamarca, do Laboratório de Saúde Pública da Guiné-Bissau e do Hospital Raoul Follereau, o principal centro de tratamento da tuberculose do país, visa também capacitar a população guineense para a doença.
“Para além dos objetivos científicos, o projeto integra uma vertente relacionada com a capacitação local e a formação dos residentes”, contou a investigadora.
Segundo Margarida Saraiva, a equipa do i3S, que desde 2015 tem vindo a desenvolver vários projetos no âmbito da tuberculose, prevê que, no próximo ano, se realizem ‘workshops’ relacionados com “a parte experimental”.