Tentar suprimir as preocupações durante uma epidemia, como o recente surto do vírus Zika, pode levar a um ciclo cada vez mais intenso de supressão emocional e medo, de acordo com uma equipa de investigadores internacionais.

Num estudo com mulheres grávidas em áreas dos Estados Unidos vulneráveis ao vírus Zika, os especialistas descobriram que as mulheres que tentaram suprimir os seus medos relataram níveis mais altos de medo mais tarde, o que, por sua vez, provocou uma maior supressão emocional.

As mulheres grávidas estavam particularmente preocupadas com o vírus, porque os media haviam relatado que o vírus, disseminado principalmente por mosquitos, poderia causar defeitos congénitos, incluindo danos cerebrais.

Segundo os investigadores, a supressão é uma estratégia que as pessoas usam para controlar os seus medos. Entre outras estratégias, as pessoas também podem tentar evitar más notícias, reavaliar a situação ou contestar as informações com contra-argumentos.

Enquanto os investigadores descobriram que nenhuma dessas estratégias ajudou a controlar o medo durante o surto, a supressão foi a única estratégia que eles estudaram que realmente aumentou o medo.

Os especialistas, que relataram as suas descobertas num artigo publicado na revista PLoS ONE, sugeriram que, com base no risco, os problemas de saúde associados ao stress e à ansiedade causados por um problema de saúde, neste caso, o vírus Zika, podem tornar-se reais.

Por exemplo, estudos prévios com mulheres grávidas durante os ataques do atentado de 11 de setembro mostraram que o medo e o stress das mães reduziram o peso do bebé.

Embora o estudo, realizado pela Universidade do Louisiana, nos Estados Unidos, se tenha focado no medo de uma epidemia, as descobertas também se podem aplicar a outras preocupações, como desastres ambientais e naturais.

Pesquisas futuras podem ter como objetivo identificar estratégias eficazes de regulação de emoções para ajudar as pessoas a lidar melhor com os problemas de saúde e outras preocupações, de acordo com os investigadores.