ANOSMIA, A AUSÊNCIA TOTAL DE OLFATO

ANOSMIA, A AUSÊNCIA TOTAL DE OLFATO

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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O olfato é um sentido vital. É através dele que podemos apreciar aromas, identificar alimentos e perceber o mundo que nos rodeia. Por isso, a perda de olfato, conhecida por anosmia, pode ter consequências significativas na nossa experiência sensorial e qualidade de vida.

A condição, que afeta cerca de 300 mil portugueses, é ainda desconhecida por muitas pessoas, incluindo pelos próprios doentes, que só têm conhecimento do que é após o diagnóstico.

Da mesma forma, o seu impacto negativo também é pouco percecionado pela sociedade.


Mas, afinal, como é que a anosmia afeta os doentes e a sua qualidade de vida?


Pois, para começar, condiciona a alteração do paladar. Como 80% do paladar se deve ao sentido de olfato, a anosmia altera significativamente o prazer em comer e beber. As pessoas com a condição comem por necessidade, não por prazer – o que leva frequentemente a uma perda ou ganho exagerado de peso com consequências para a sua saúde.

Outro problema que se põe é que estes doentes não distinguem os alimentos estragados, pelo que estão mais frequentemente em risco de intoxicações alimentares. Ou então deitam fora comida em bom estado por não terem a certeza de que está comestível. Também não cheiram o gás, o fumo ou produtos químicos tóxicos, podendo colocar a sua vida e a dos seus em perigo.

Devido à relação direta entre o olfato e a memória, observa-se ainda uma mais rápida deterioração cognitiva, torna-se mais difícil relembrar episódios passados e vários estudos reportam uma mortalidade em idades mais precoces. Estes doentes também têm maior propensão para depressão e isolamento social. A insegurança na sua própria higiene predispõe muito frequentemente para ansiedade e episódios de pânico ou desinteresse.

Para lidar com o problema nada como saber o que o pode desencadear. Uma das principais razões é a infeção das vias aéreas superiores, como quadros gripais graves, que muitas vezes resultam numa perda temporária do olfato. Nesses casos, geralmente, a anosmia normaliza em alguns dias, de forma espontânea.

Mas também pode ser mais persistente, por exemplo, entre os doentes acometidos por Covid-19.

Outros fatores médicos, como sinusite crónica, pólipos nasais, rinite alérgica e inflamações respiratórias recorrentes também podem ser causas frequentes de anosmia. A obstrução nasal e outros problemas de saúde relacionados ao sistema respiratório podem igualmente desencadear a condição.

Certos medicamentos, como antibióticos, anti-hipertensivos e anti-histamínicos, às vezes podem originar uma perda temporária do olfato, que ficará resolvida quando se interrompe a toma do medicamento.

Pacientes que recebam tratamento de radiação para o cancro da cabeça e pescoço normalmente apresentam problemas no olfato como efeito colateral. Esta perda de olfato pode ser temporária ou tornar-se permanente à medida que o tratamento continua.

Tal como a visão e a audição, o olfato também fica menos aguçado à medida que se envelhece. Após os 60 anos há maior probabilidade de perder o olfato, o que também pode alterar o paladar.

Mas também há pessoas que simplesmente nascem com pouco ou nenhum olfato – o que se conhece como anosmia congénita, que pode ocorrer sozinho ou pode acompanhar outros distúrbios genéticos.

Ao perceber a perda de olfato deve procurar um médico otorrinolaringologista (ORL). Este especialista é fundamental no diagnóstico, prevenção e tratamento das situações clínicas relacionadas com alterações deste sentido. Além de observar a mucosa nasal, o médico irá eventualmente requisitar exames complementares de diagnóstico, para investigar, por exemplo, a existência de pólipos ou de uma infeção responsável pela condição.

Na verdade, mais de metade dos casos de anosmia correta e precocemente diagnosticados podem ser tratados. Mesmo nos restantes casos, os sintomas e consequências da perda olfativa podem ser minorados com cuidados e tratamentos específicos.

O tratamento está dependente da identificação da causa subjacente. Em alguns casos, a anosmia pode ser temporária e resolver-se por si, sem necessidade de tratamento, no entanto, na maioria dos casos, é persistente e requer um tratamento específico.

O médico pode recomendar intervenção cirúrgica na presença de pólipos nasais, um desvio do septo ou outros problemas estruturais.


Se a condição se dever a uma infeção nasal, o tratamento pode incluir antibióticos e outros medicamentos para reduzir a inflamação. Se for devida a uma obstrução por polipose nasossinusal, pode requerer tratamento endoscópico nasossinusal e tratamento com os novos medicamentos biológicos.

Em muitos casos, o treino olfativo tem elevadas taxas de sucesso. Este tratamento implica a exposição a odores específicos para estimular e treinar o sistema olfativo de forma a melhorar a capacidade de detetar e discriminar os odores.

Tenha em mente que quanto mais precoce o diagnóstico, maior a probabilidade de sucesso no tratamento da anosmia. Não adie a consulta. O nosso olfato é muito mais sensível do que se pensa, assim, cuide do seu nariz.

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
26 de Fevereiro de 2025

Mais Sobre:
NASAL DOENÇA TRATAMENTO

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