NARCOLEPSIA, QUANDO O SONO É DEMAIS

NARCOLEPSIA, QUANDO O SONO É DEMAIS

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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A narcolepsia, uma condição neurobiológica complexa, emerge como um desafio significativo na vida daqueles que dela sofrem. Caracteriza-se por uma sonolência excessiva e incontrolável durante o dia, podendo ocorrer episódios de sono súbito (“ataques incontroláveis de sono”).

A doença corresponde a uma alteração neurológica em que o controlo do sono e da vigília estão afetados e, apesar de em si mesma não ter consequências graves para a saúde, associa-se a sentimentos de receio e ansiedade e aumenta o risco de acidentes potencialmente fatais entre os afetados.

Ainda que seja pouco frequente, na Europa atinge um grupo significativo de pessoas. Estima-se que existam 47 pessoas afetadas em cada 100.000 habitantes. Prejudica de forma igual homens e mulheres e pode surgir em qualquer idade, sendo, no entanto, mais frequente aparecer na adolescência (por volta dos 15 anos) e em jovens adultos (cerca dos 35 anos).

Embora a causa exata ainda não esteja totalmente compreendida, a redução de hipocretina, um neurotransmissor crucial para a manutenção da vigília, devido a fatores genéticos e/ou imunológicos, é uma das principais hipóteses. Essa deficiência neuroquímica resulta num desequilíbrio que leva ao aparecimento inadequado do sono REM, caracterizado por sonhos e músculos relaxados.

Existe também uma predisposição genética associada: os familiares em primeiro grau de doentes com narcolepsia têm um risco de 1 a 2% de desenvolver a doença.


As causas secundárias mais comuns são os traumatismos cranianos, a esclerose múltipla, a doença de Parkinson e a sarcoidose.

Na narcolepsia, os pacientes apresentam crises de sono em qualquer momento e só temporariamente conseguem resistir ao desejo de dormir. Esses episódios podem ocorrer durante qualquer tipo de atividade e a qualquer hora, mas é mais provável que as crises tenham lugar em situações monótonas, como em reuniões pouco interessantes ou na condução prolongada em autoestradas.

O despertar deste sono narcoléptico é tão fácil como no sono normal. A pessoa pode sentir-se bem ao acordar e voltar a adormecer poucos minutos depois. Pode ocorrer uma ou várias crises por dia e cada uma delas não é muito prolongada, podendo durar uma hora ou menos.

Por vezes, ocorre paralisia momentânea sem perda da consciência (cataplexia) em resposta a situações emocionais bruscas. Nesses casos, as extremidades do paciente apresentam-se débeis, podendo largar o que está a segurar ou cair.

Outro sintoma da narcolepsia é a ocorrência de episódios esporádicos de paralisia do sono nos quais o paciente sente, imediatamente depois de acordar, que se quer mover mas não consegue, o que origina sentimentos de medo e ansiedade. Podem produzir-se alucinações visuais ou auditivas no início do sono ou, com menor frequência, ao despertar, que são semelhantes às do sono normal embora mais intensas.

Para diagnosticar a doença, além das queixas do doente, é importante fazer o o estudo do sono ao longo de uma noite (polissonografia). Este estudo permite excluir outras causas mais comuns para a sonolência como a apneia obstrutiva do sono, o efeito de medicamentos, entre outras.

Um estudo específico, denominado teste da latência múltipla do sono permite avaliar a facilidade que a pessoa tem em adormecer, mesmo após uma noite de sono.

A quantidade de hipocretina também pode ser medida no líquido céfalo-raquidiano (líquido que circula à volta do cérebro e medula) – nos doentes com narcolepsia que têm cataplexia existe uma marcada diminuição desta substâncias. A narcolepsia é uma doença na qual não se observam anomalias nas análises de sangue, por isso esse tipo de exame não é útil.

Os sintomas de narcolepsia são muitas vezes bizarros e mal compreendidos, podendo ser erradamente interpretados como doença psiquiátrica (depressão), falta de interesse ou motivação no trabalho e nas relações com os outros. É importante que as pessoas próximas do doente saibam da doença e conheçam as suas manifestações.

Quanto ao tratamento, apesar de não existir uma cura definitiva, uma abordagem multifacetada pretende controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Intervenções farmacológicas, ajustes no estilo de vida e suporte psicológico são componentes cruciais. A personalização do tratamento, tendo em consideração as nuances individuais, é fundamental para enfrentar os desafios que a narcolepsia apresenta.

Um pilar fundamental do tratamento assenta em medidas comportamentais. Sestas curtas espalhadas durante o dia (10-20 minutos) nos momentos de maior sonolência (2-3/dia) têm efeito na melhoria da sonolência e na recuperação da capacidade de trabalho.

Os doentes também devem manter uma boa higiene do sono, o que inclui horários de sono regulares e evitar alimentos e bebidas estimulantes ao deitar, devido ao frequente sintoma de insónia.

Alguns doentes com narcolepsia são obesos. O controlo de peso, com dieta adequada e exercício físico regular é essencial.

A terapêutica farmacológica desta doença, em Portugal, inclui tratamento com estimulantes, antidepressivos e hipnóticos. Durante o tratamento medicamentoso, os profissionais de saúde acompanham de perto os pacientes.

O suporte psicológico, o que inclui aconselhamento ou terapia, também pode ser fundamental para ajudar os indivíduos a enfrentar os desafios emocionais e psicológicos associados à narcolepsia.


Se pensa que pode sofrer de narcolepsia o primeiro passo será falar com o seu médico de família e discutir com ele os seus sintomas.


Após a avaliação das queixas o médico irá indicar-lhe um especialista em Medicina do Sono para um diagnóstico correto e tratamento. Não ponha a sua vida em risco!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
07 de Fevereiro de 2025

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