Uma nova estratégia de síntese química para recolher a rica informação encontrada em produtos naturais - princípios ativos de plantas medicinais, por exemplo - levou à identificação de novos compostos com potencial para proteger seletivamente os neurónios.

Esses compostos simples são importantes para o desenvolvimento de tratamentos para doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, ou para impedir que o sistema imunológico rejeite transplantes de órgãos, afirmam o investigador Daniel Romo e o seus colegas da Universidade Baylor, nos Estados Unidos, que publicaram a sua nova estratégia na revista Nature Chemistry. E este é apenas o primeiro exemplo do uso da técnica inovadora.

Os pesquisadores alertam que, por enquanto, eles obtiveram apenas “potenciais fármacos”, e não medicamentos prontos para uso clínico, e que as possíveis aplicações da nova rota de aproveitamento dos princípios ativos naturais provavelmente levarão anos em cada aplicação e exigirão a participação de empresas farmacêuticas.

Mas a pesquisa é significativa porque a estratégia para identificar esses candidatos a medicamentos tem o potencial de reduzir largamente o tempo que leva para descobrir um produto natural complexo inicial com potenciais terapêuticos até versões sintéticas simples, adequadas para o desenvolvimento de medicamentos prontos para venda ao público.

A equipa demonstrou a sua nova abordagem com a gracilina A, um produto natural derivado de uma esponja do mar, que outros investigadores descobriram ter potencial medicinal, mas cuja estrutura e relações de bioatividade ainda eram desconhecidas.

O método sintético simplificado foi batizado de “retrossíntese dirigida por farmacóforo” - farmacóforo é a estrutura mínima necessária para a atividade de uma molécula bioativa.

O principal objetivo é, a partir do produto natural, identificar a versão mais simples que ainda retém a bioatividade de interesse para desenvolver medicamentos mais eficazes contra várias doenças.