
ERGOFOBIA, O PAVOR DE IR TRABALHAR
SOCIEDADE E SAÚDE
Tupam Editores
Provavelmente já ouviu falar da “síndrome de domingo”, ou do sentimento de pavor que toma conta de muitas pessoas aos domingos antes de voltar ao trabalho na segunda-feira de manhã. Mas, e se esse medo fosse genuinamente debilitante? Bem, para alguns é.
A ergofobia é um transtorno psicológico caracterizado pelo medo irracional e persistente do trabalho ou de ambientes de trabalho, que afeta algumas pessoas.
Dependendo da situação, estas pessoas não conseguem sequer terminar o expediente e acabam por regressar a casa poucas horas depois, ou pior, nem conseguem sair de casa para ir trabalhar.
Como muitas doenças mentais, a ergofobia é pouco compreendida por quem não a experimenta. Isso faz com que os portadores da fobia sejam tratados com desprezo ou preconceito, o que só agrava a situação.

A pessoa com ergofobia experimenta uma ansiedade profunda, entre outros sintomas, tanto pela simples ideia de ir para o trabalho quanto pela presença no ambiente de trabalho. Apesar de os sintomas poderem variar de pessoa para pessoa, incluem geralmente uma combinação de sintomas físicos e emocionais.
Entre os sintomas físicos mais comuns estão a sudorese excessiva, tremores, palpitações cardíacas, dificuldade para respirar e náuseas. Já os sintomas emocionais podem incluir a tal ansiedade extrema, um medo irracional, ataques de pânico, sensação de desespero e até depressão.
Contudo, ter medo de ir trabalhar não é sinónimo de não gostar da profissão, mas de uma incapacidade para lidar com vários fatores que lhe estão associados. As causas para o transtorno podem ser multifatoriais e, tal como a sintomatologia, variam de indivíduo para indivíduo.
Entre as causas mais comuns estão experiências traumáticas relacionadas ao trabalho, como assédio moral, pressão excessiva, ambientes de trabalho tóxicos ou experiências de fracasso profissional. Mas determinados fatores genéticos e biológicos também podem contribuir para o desenvolvimento da ergofobia, por exemplo, as pessoas com histórico familiar de transtornos de ansiedade ou outras fobias podem estar mais predispostas a desenvolver este transtorno.
Esta fobia pode ter um impacto significativo na vida dos afetados. A nível profissional, o medo intenso do trabalho pode levar à fuga do ambiente de trabalho, a faltas frequentes, baixo desempenho e até mesmo à perda do emprego. Além disso, a ergofobia pode afetar a capacidade de uma pessoa de procurar novas oportunidades de emprego, limitando o seu crescimento e desenvolvimento profissional.

A incapacidade de enfrentar o ambiente de trabalho e de manter um emprego estável pode ainda resultar em dificuldades financeiras, o que exacerba mais os sintomas de ansiedade e depressão.
Além da vida profissional, a ergofobia também afeta a qualidade de vida geral das pessoas. O medo constante e a ansiedade podem levar ao isolamento social, à diminuição da autoestima e ao aumento do stress. As relações pessoais podem ser afetadas, pois a pessoa pode se sentir incompreendida ou estigmatizada devido ao seu medo do trabalho.
Como desistir de trabalhar não é solução para quem sofre desta fobia, há que identificar o problema e procurar o melhor tratamento. Os indivíduos que sofrem do transtorno geralmente têm consciência de que têm um problema, no entanto, nem sempre procuram ajuda.
Os psicólogos e os psiquiatras especializados em transtornos de ansiedade são os profissionais mais indicados para ajudar a ultrapassar esta fobia. Estes especialistas saberão identificar o acontecimento, trauma ou outro evento que possa ter originado a aversão a uma situação de trabalho. E, uma vez identificado, poderão determinar a melhor forma de ultrapassar o problema.

O método mais habitual para controlar o medo de ir trabalhar é uma combinação de terapia (comportamental cognitiva ou equivalente) e, em alguns casos, medicamentos.
A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é uma abordagem comum e eficaz para tratar a ergofobia, ajudando os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento negativos e comportamentos disfuncionais relacionados ao medo do trabalho. Podem ainda ser utilizadas técnicas de exposição gradual para dessensibilizar o paciente ao ambiente de trabalho. Nos casos mais graves, podem prescrever-se medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos para ajudar a controlar os sintomas.
Existem ainda outras estratégias que podem ajudar as pessoas a lidar com a ergofobia. Práticas de relaxamento, como meditação, ioga e exercícios de respiração, ajudam a reduzir a ansiedade e o stress. Manter uma rotina regular de exercícios físicos também é benéfico, pois ajuda a libertar endorfinas e a melhorar o humor.
Além disso, procurar a ajuda de amigos, familiares ou grupos de apoio vai fazer com que a pessoa se sinta menos isolada na sua luta contra a ergofobia.
Várias empresas já implementaram práticas, como a meditação ou o ioga, de forma a proporcionar um ambiente menos tenso a quem sofre de stress e de ansidedade, tirando o melhor partido dos conhecimentos e competências de cada um.

Promover um ambiente de trabalho saudável pode ajudar a prevenir experiências traumáticas que podem levar à ergofobia.
Além disso, incentivar a comunicação aberta e o suporte emocional no local de trabalho pode ajudar os funcionários a lidar com o stress e a ansiedade de maneira mais eficaz.
Trabalhar é uma das atividades essenciais do ser humano, e fazê-lo com saúde é fundamental. Não permita que este medo irracional domine a sua vida.


SOCIEDADE E SAÚDE
SÍNDROME DO IMPOSTOR, SENTE-SE UMA FRAUDE?


SOCIEDADE E SAÚDE
RECONHECER E LIDAR COM… PESSOAS TÓXICAS


DOENÇAS E TRATAMENTOS
ANOSMIA, A AUSÊNCIA TOTAL DE OLFATO


MEDICINA E MEDICAMENTOS