Perder um animal de companhia é um receio que preocupa a maioria dos tutores. E até pode parecer algo que nunca acontece aos mais cuidadosos mas, acredite, o risco é constante.
É muito fácil esquecer uma janela, porta ou portão aberto por onde o animal se possa escapar. Por vezes são eles próprios que abrem as janelas com as patas e até conseguem fugir das caixas de transporte, caso não estejam bem fechadas, ou não sejam apropriadas ao seu porte.
Outro problema que pode contribuir para a perda do animal é o excesso de confiança. Não se deve deixar os animais andar à solta pois podem assustar-se com algo fora do normal e fugir.
Por norma, fogem por medo, em resposta a determinados eventos ocasionais (fogos de artifício, trovoadas) ou para responder a instintos sexuais, caso não estejam esterilizados. Também o podem fazer por curiosidade e, se o ambiente for novo, podem sair numa tentativa de procurar o espaço anterior que lhes é mais familiar.
Casos mais raros podem envolver outras pessoas, por exemplo, vizinhos mal intencionados que, por se sentirem incomodados com a presença do animal, o soltam para que desapareça.
Existem ainda casos em que os animais são raptados, principalmente se forem de raças valiosas.
Os animais mais independentes, que normalmente têm acesso não vigiado à via pública, apesar do bom sentido de orientação para regressar a casa, também se podem perder. Para isso basta um grande susto que os faça fugir ou distraírem-se a perseguir uma presa.
A partir daqui, para além do desconforto que o animal sente ao estar perdido, corre vários riscos. Gatos ou cães perdidos podem ser atropelados, magoar-se durante a fuga, ficar presos nalgum lugar não conseguindo regressar, ser atacados por outros animais, contrair doenças e parasitas, entre outras adversidades.
Com o desaparecimento do seu melhor amigo, para além da preocupação, o tutor também pode sofrer consequências. Todos os animais devem estar registados na junta de freguesia e os cães deverão ser portadores de um chip de identificação e ter a vacina da raiva em dia.
Caso não tenha cumprido estes requisitos, o tutor poderá ser multado. Os problemas, contudo, não ficam por aqui, todos os danos provocados a terceiros pelo animal terão de ser suportados pelo tutor.
Se o animal não estiver castrado ainda pode contribuir para a reprodução de outros cujo destino, possivelmente, será o abandono. No caso das fêmeas inteiras, poderão regressar a casa prenhas. Para não ficar exposto a estes e outros problemas, o melhor mesmo é evitar a todo o custo que o seu animal se perca ou fuja. Mas, e se tal acontecer, sabe o que fazer?
Como procurar um animal desaparecido?
As primeiras horas são cruciais para encontrar um animal desaparecido.
Mal dê pela falta do seu fiel amigo, e antes de entrar em pânico, o tutor deve fazer uma busca exaustiva dentro de casa (podem esconder-se em locais impensáveis mas muitas vezes ficam presos atrás de móveis ou eletrodomésticos) e, caso tenha, no terreno da propriedade, pois podem esconder-se em buracos ou ficar presos nas vedações.
Não o encontrando aí, é importante agir de imediato, O tutor deve ter em conta que a distância percorrida pelo animal é maior ou menor consoante o seu tamanho, devendo começar por procurar nos lugares mais próximos de onde saiu, e num raio de 3 km.
Pode pedir ajuda a familiares e vizinhos e ir perguntando às pessoas que encontre pois quanto mais pessoas estiverem envolvidas maiores serão as hipóteses. Se tiver outro animal e ambos se derem bem, se for viável, leve-o consigo pois pode ajudar.
A busca deve chegar a todos os locais possíveis: arbustos, debaixo de carros, garagens dos vizinhos, casas devolutas, contentores, e o animal deve ser chamado pelo nome, pois consegue ouvir a grandes distâncias. Provavelmente não virá, mesmo estando treinado, no entanto, ouvir um som familiar poderá acalmá-lo.
Convém permanecer em silêncio de vez em quando para verificar se existe alguma resposta (ganir ou miar baixinho).
Caso não o encontre, há outras técnicas que pode pôr em prática. Para começar, é importante publicar um anúncio de animal desaparecido em sites próprios para o efeito, como o https://www.encontra-me.org, ou o http://findmypet.omv.pt, por exemplo.
Graças ao poder das redes sociais, a divulgação do desaparecimento também deve ser feita no Facebook, e pode enviar mensagens via twitter e e-mail para mobilizar os amigos.
Convém fazer folhetos com uma foto recente do animal, que deverão ser divulgados nas lojas do comércio local, supermercados, lojas de animais, e afixados em postes de rua, paragens de transportes públicos, bombas de gasolina, e até oferecidos a taxistas, pois andam todos os dias na rua e podem avistá-lo.
Tenha o cuidado de inserir informações que possam ajudar terceiros na eventualidade de o verem – por exemplo, indique se este é sociável ou se, pelo contrário, não convém tentar agarrá-lo (pois tal poderá afugentá-lo ainda mais). Ao descrevê-lo, oculte uma ou duas características identificadoras (uma particularidade física ou a cor da coleira, por exemplo) e nunca divulgue um número de microchip ou a inscrição de uma tatuagem – uma medida essencial para evitar fraudes ou tentativas de burla.
Os folhetos deverão ser repostos, pois à medida que os dias passam acabam por desaparecer.
É aconselhável avisar o seu médico veterinário e os das redondezas da situação e tentar saber se o animal terá dado entrada para tratamento ou verificação de microchip. Se este o tiver deverá haver uma notificação para o SIRA ou SICAFE.
Reporte o seu desaparecimento à Polícia, à GNR, na junta de freguesia, quantas mais instituições tiverem conhecimento, mais hipóteses tem de o reaver.
Deve ainda fazer uma visita aos Centros de Recolha de Animais mais próximos. Um telefonema pode não ser suficiente já que a sua descrição nem sempre irá corresponder à descrição de outra pessoa. Além disso, um animal pode mudar bastante de aspeto com o passar do tempo e com a ausência de cuidados, pelo que é importante verificar pessoalmente.
Devem também ser contactadas as associações de proteção mais próximas. Se o animal foi adotado numa associação, esta deve ser informada do seu desaparecimento o quanto antes para que também possa ajudar na procura e divulgação.
Uma outra tarefa, um pouco triste mas que deve ser feita, é entrar em contacto com as Estradas de Portugal para saber se foi encontrado algum animal morto na via.
Se o animal desapareceu do jardim é aconselhável deixar o portão aberto na eventualidade de este regressar pelos próprios meios. Se não foi o caso, convém o tutor regressar com alguma frequência ao local do desaparecimento, pois mesmo que não tenha acontecido perto de casa há animais que voltam ao local, por ser essa a sua última referência.
Tenha em mente que à medida que os dias forem passando o raio de busca também deverá aumentar.
No caso de ser um gato o animal desaparecido, devem ser seguidos os mesmos procedimentos, no entanto, inicialmente o raio de busca é menor porque a maioria dos gatos, quando assustados, refugia-se no primeiro esconderijo que encontra e não percorre grandes distâncias.
A busca neste caso deve incidir, para além dos esconderijos que considerem mais prováveis, nas casas vizinhas e em garagens que estejam perto. E neste caso deve dar-se atenção especial aos locais quentes e abrigados (motores de carros, valas, atrás de caixotes) e a locais elevados (árvores, telhados).
Se a fuga aconteceu durante o dia, todos os passos devem ser repetidos à noite, pois os gatos têm maior propensão para sair dos esconderijos quando está mais escuro e tranquilo.
Entretanto, é muito importante que esteja alguém sempre em casa. Os gatos são seres muito territoriais e se regressarem e não houver ninguém para os receber poderão ir embora de novo.
Quanto a informações, independentemente de ser um cão ou um gato o animal perdido, não descarte nenhuma pista. Se receber informações sobre um animal muito semelhante ao seu não descarte essa pista apenas com base na distância ou em fatores como a ausência/presença de coleira ou microchip, por exemplo.
Um animal pode aparecer a muitos quilómetros do local de desaparecimento por ter sido recolhido por alguém que estivesse de passagem e more longe, e o facto de ter desaparecido sem coleira não quer dizer que se mantenha sem uma (pode ter sido recolhido por alguém que lhe pôs coleira e ter voltado a fugir), e se desapareceu com coleira rapidamente pode ficar sem ela.
No que diz respeito ao microchip, um animal sem microchip pode ter sido entretanto recolhido por alguém que lho pôs, e um com microchip pode ser considerado como não tendo identificação apenas por este não ter sido detetado pelo leitor (acontece com alguma frequência) ou, pior ainda, o microchip pode ter sido retirado por pessoas mal-intencionadas.
Não desanime. Há casos de animais (cães e gatos) que estiveram desaparecidos durante meses e que acabaram por ser encontrados. Insista na substituição de folhetos danificados e contacte regularmente as clínicas veterinárias do distrito do local de desaparecimento (e, eventualmente, distritos adjacentes).
Na eventualidade de o seu animal ter sido recolhido por alguém, as probabilidades de ir a uma clínica veterinária são altas.
Por outro lado, a divulgação pode chegar a alguém que possa ajudar e que não tivesse tido conhecimento do sucedido aquando de divulgações anteriores.
Acima de tudo, não desista! Não deixe de procurar, pois tal como o tutor sente a falta do seu amigo, este também está ansioso para regressar a casa.