A Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (Anvetem) manifestou recentemente a sua preocupação com a entrada em vigor, já no próximo dia 23 de setembro, da lei que proíbe o abate de animais em canis, por prever um aumento dos ataques em matilha e o regresso da raiva.

A raiva é a mais conhecida das zoonoses (infeções e doenças transmitidas entre animais vertebrados e humanos). Transmitida pelo contacto com a saliva de um animal doente, a doença pode demorar até 10 dias para se manifestar no animal infetado e, em quase 100 por cento dos casos, é fatal.

Segundo Ricardo Lobo, presidente da Anvetem, a falta de capacidade de resposta dos canis municipais faz com que a aplicação desta lei não seja viável. Não é ainda possível recolher todos os animais errantes e não os abater, uma vez que a capacidade dos canis em Portugal é cinco vezes inferior ao número de animais recolhidos nas ruas.

Provavelmente, a opção será deixar de recolher os animais nas ruas, o que dará origem a problemas de saúde pública muito graves, como o regresso da raiva – e o país estará a recuar 30 anos.

Para o presidente da Anvetem, a resolução deste problema deveria começar na consciencialização da população. Deveria haver sensibilização nas escolas, desde tenra idade, de que nem todas as famílias podem ter animais. Deveria haver, ainda, uma identificação dos animais e uma fiscalização e punição exemplar.

O controlo das populações de animais vadias ou errantes deveria ser uma prioridade das autoridades de saúde e das autoridades veterinárias, para uma prevenção eficiente das mortalidades animal e humana.