Antidepressivos ligados a declínio cognitivo rápido na demência
Um estudo publicado na revista BMC Medicine sugere que os antidepressivos podem acelerar o declínio cognitivo em pessoas com demência. Ao mesmo tempo, alguns medicamentos parecem ser menos prejudiciais do que outros, o que pode ajudar os médicos a decidir sobre o melhor tratamento.

Os antidepressivos são frequentemente usados para aliviar sintomas como ansiedade, depressão, agressividade e distúrbios do sono em doentes de demência. Mas um novo estudo observacional baseado em dados do Registo Sueco de Demência (SveDem) mostrou que os pacientes com demência que são tratados com antidepressivos apresentam maior declínio cognitivo em comparação com os pacientes que não tomam este tipo de medicação.
Os investigadores do Instituto Karolinska e do Hospital Universitário Sahlgrenska, em Gotemburgo, acompanharam o desenvolvimento cognitivo de vários pacientes ao longo do tempo e compararam grupos medicados e não medicados, assim como diferentes tipos de antidepressivos.
Foram incluídos na investigação 18.740 pacientes (10.205 mulheres [54,5%]; idade média de 78,2 anos), dos quais 4.271 (22,8%) foram tratados com antidepressivos. Durante o acompanhamento, foram emitidas 11.912 prescrições de antidepressivos, sendo os mais comuns (64,8%) os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).
A toma dos antidepressivos foi associada a um declínio cognitivo mais rápido, em particular com a sertralina, citalopram, escitalopram e mirtazapina, em comparação com o grupo dos pacientes não medicados. A associação foi mais forte em pacientes com demência grave. O escitalopram foi associado ao declínio cognitivo mais rápido, seguido pelo citalopram e pela sertralina. A mirtazapina, que tem um mecanismo de ação diferente, teve menos impacto cognitivo negativo do que o escitalopram.
Embora atualmente não seja possível determinar se o comprometimento cognitivo é devido aos medicamentos ou aos próprios sintomas depressivos, os especialistas conseguiram perceber que os antidepressivos estavam associados ao aumento do declínio cognitivo.
De acordo com Sara Garcia Ptacek, última autora do estudo, o próximo objetivo é investigar se certos grupos de pacientes, como pessoas com tipos específicos de demência ou biomarcadores, respondem melhor ou pior aos diferentes antidepressivos. O que se pretende é descobrir esses grupos para criar um tratamento mais individualizado.
Os resultados do estudo podem ajudar os médicos e outros profissionais de saúde a escolher antidepressivos mais adequados para os pacientes com demência.