Urtiga: um tesouro natural repleto de benefícios
De nome científico Urtica dioica, a urtiga aparece de forma sorrateira, pica e dá comichão. Apesar de os seus mecanismos naturais de defesa nos fazerem distanciar-nos dela, os seus múltiplos benefícios, da cozinha à cosmética, protegeram a sua reputação.
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Nativa da Europa, Ásia e Norte de África, esta planta conquistou quase todos os cantos do mundo, tornando-se uma parte natural da paisagem nos campos e estradas rurais. Devido ao rápido crescimento e propagação chega a ser considerada uma erva daninha invasora – a evitar devido aos seus efeitos urticantes.
A urtiga causa irritação devido à presença de tricomas urticantes (pequenos pelos nas folhas e caules que atuam como seringas microscópicas). Estes tricomas decompõem-se em contacto com a pele e libertam uma mistura de substâncias químicas, incluindo histamina, ácido fórmico, serotonina e acetilcolina, que desencadeiam uma reação inflamatória na pele, produzindo ardor, comichão e inchaço na zona afetada. Esta reação, embora desconfortável, é de curta duração.
Abordados os pontos negativos, convém referir que a urtiga é uma excelente fonte de vitaminas e minerais, entre outras propriedades. É rica em vitaminas (A, C, K e várias do grupo B) e minerais (ferro, cálcio, potássio, magnésio, zinco), sendo tradicionalmente utilizada para tratar doenças como a anemia, a artrite, as alergias e os problemas digestivos. É um diurético potente, o que a torna útil no tratamento de edemas e da hipertensão. Para os homens, a urtiga é uma aliada de eleição em caso de problemas da próstata.
Também é muito utilizada na cosmética pelas suas propriedades fortificantes e antioxidantes. Ajuda a reduzir a queda de cabelo, estimula o crescimento do mesmo e combate a caspa devido à capacidade de reequilibrar a produção de sebo e melhorar a circulação do couro cabeludo. Além disso, As suas propriedades adstringentes, purificantes e depurativas são positivas para a pele, especialmente em caso de acne ou de pele oleosa, melhorando a clareza e a luminosidade da pele.
São várias as formas de explorar as propriedades da urtiga. Uma das mais comuns é através de uma infusão ou chá de ervas. Este chá é rico em minerais e pode ajudar a combater inflamações, alergias e melhorar a saúde urinária, sendo recomendada a ingestão de 1 a 3 chávenas por dia, dependendo das necessidades individuais.
Esta mesma infusão pode ser aplicada externamente como um tónico para a pele, ajudando a reduzir o excesso de sebo e a acalmar a irritação.
Para além do chá, a urtiga também pode apresentar-se noutros formatos, como suplementos em cápsulas, extratos líquidos, cremes tópicos e champôs. Pode também ser consumida em sopas ou tartes e até crua em sumos verdes ou em saladas, quando as folhas são jovens e tenras.
É ainda um recurso valioso na agricultura biológica. Uma das suas utilizações mais comuns é como fertilizante natural. Quando aplicado no solo ou diretamente nas plantas, o chorume de urtiga melhora a estrutura do solo, promove a atividade microbiana benéfica e aumenta o crescimento das plantas, proporcionando um efeito revigorante que reforça as defesas naturais das culturas, sem necessidade de produtos químicos artificiais.
Estas biopreparações podem ainda ser utilizadas como inseticida natural para combater ácaros, pulgões e outras pragas sem prejudicar o ecossistema.