Ansiedade e depressão associadas à dor crónica em crianças
Jovens com dor crónica têm três vezes mais probabilidades do que os seus pares de também sofrerem de ansiedade ou depressão clínica, concluiu um estudo liderado por investigadores da Universidade Macquarie, na Austrália.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
DOR CRÓNICA
A dor é um fenómeno subjectivo e de enorme complexidade, devido à conjugação de vários factores biofisiológicos, bioquímicos, psicológicos, comportamentais, sociais, culturais e morais. LER MAIS
A investigação, publicada no JAMA Pediatrics, sugere que um terço das crianças menores de 18 anos que têm dor crónica também podem ter um transtorno de ansiedade, enquanto uma em cada oito pode sofrer de transtorno depressivo. Isto representa uma grande comorbidade clínica.
Os resultados são produto de uma meta-revisão de 79 estudos que analisaram uma amostra de 22.956 crianças e jovens menores de 18 anos, incluindo 12.614 com dor crónica. A maioria dos jovens era do sexo feminino (média de 74%).
O estudo incluiu condições em que a dor é o sintoma primário, como artrite idiopática juvenil e fibromialgia, doenças crónicas em que a dor é um sintoma secundário, como doença de Crohn e colite, e casos em que a dor não tem causa conhecida.
A estimativa de prevalência de diagnósticos de ansiedade foi de 34,6% e a prevalência de diagnósticos de depressão foi de 12,2%. Os jovens com dor crónica apresentaram maiores sintomas de ansiedade e de depressão em comparação com os controles.
De acordo com a autora principal do estudo, Dra. Joanne Dudeney, as descobertas indicam que se corre o risco de prejudicar os jovens se não se considerar a ansiedade e a depressão comorbidades quando estes sofram de dor crónica. Para a especialista, os pais também devem estar conscientes da prevalência de ansiedade e de depressão no caso de dor crónica para que possam fazer com que os seus filhos sejam avaliados.
É vital ainda que os profissionais de saúde, como médicos de família, reumatologistas e especialistas da dor estejam conscientes dessa ligação, de modo a estabelecer uma abordagem mais multidisciplinar que trate a dor, a ansiedade e a depressão em conjunto, se necessário. Para colocar isto em prática facilmente, os profissionais da dor poderiam realizar uma triagem para sintomas de ansiedade e depressão em pacientes jovens.
Por se tratar de uma população vulnerável, a Dra. Dudeney realça que se não se considerar o componente da saúde mental, muito provavelmente não se conseguirão alcançar as melhorias clínicas pretendidas. Concluindo, a triagem, a prevenção e o tratamento da saúde mental devem ser prioridades importantes de assistência médica para jovens com dor crónica.