Beber excessivamente é ainda mais perigoso para as mulheres
Apesar de saberem que beber em excesso lhes provocará danos, um elevado número de mulheres australianas continua a fazê-lo, alertam investigadores da Universidade Flinders, em Adelaide.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
ALCOOLISMO
A dependência de álcool, geralmente designada por alcoolismo é uma doença crónica que deriva de múltiplos fatores e diferentes naturezas. LER MAIS
Um novo estudo, publicado na Drug and Alcohol Review, descobriu que um número significativo de mulheres australianas (mais de 300.000) bebem regularmente 11 ou mais bebidas padrão de uma só vez, pelo menos uma vez por mês.
Apesar de serem mais vulneráveis aos danos relacionados com o álcool, as mulheres têm sido sub-representadas na investigação. Faltam estudos sobre mulheres que bebem em níveis muito elevados, e a maioria dos trabalhos não diferencia aquelas que bebem um pouco acima das diretrizes oficiais (quatro bebidas padrão por dia/10 por semana) das que bebem muito acima desses limites.
Isto é preocupante na medida em que as mulheres são mais suscetíveis do que os homens a sofrer graves problemas de saúde devido ao consumo excessivo de álcool, como problemas hepáticos, doenças cardiovasculares, cancros e problemas de saúde mental como depressão e ansiedade.
São cada vez mais as evidências de que o álcool pode interagir com os ritmos biológicos naturais das mulheres, tais como os ciclos de estrogénio e progesterona, e que o impacto do álcool piora com a idade e a menopausa.
Este estudo foi o primeiro na Austrália a examinar a prevalência e as características das mulheres que bebem a um nível de risco muito elevado – e estabelecer uma comparação com os homens – para criar um perfil nacional.
Em consonância com dados publicados anteriormente, o estudo permitiu concluir que uma proporção maior de homens consumia álcool em níveis de risco muito elevado em relação às mulheres (10,4% dos homens e 3,1% das mulheres), no entanto, os resultados indicam que muitas mulheres australianas também bebem excessivamente.
As descobertas realçam a necessidade de criar estratégias personalizadas para prevenir e gerir o consumo de risco muito elevado entre as mulheres, focando-se na forma como o sexo e o género podem afetar as respostas ao tratamento, às políticas e às mensagens de promoção da saúde.
O álcool é classificado como cancerígeno do grupo 1 – o grupo de maior risco, que inclui também o amianto, a radiação e o tabaco. Nas mulheres, a ingestão de álcool pode aumentar o risco de vários tipos de cancro, incluindo cancro digestivo, da mama e do pâncreas, assim como de outros problemas de saúde.
Para a professora Jacqueline Bowden, as conclusões desta investigação destacam a importância de se criarem estratégias personalizadas para prevenir e gerir o consumo de risco muito elevado entre as mulheres.
Monitorizar e compreender essas tendências, poderá ser uma maneira de informar as políticas de saúde pública e de garantir que as mulheres tenham acesso a apoios adequados para reduzir os danos associados ao álcool.