Solidão aumenta risco de deteriorar a saúde dos idosos
A solidão frequentemente sentida pelos idosos na nossa sociedade tem um efeito negativo na sua saúde física, de acordo com investigadores da Amsterdam UMC e da Universidade de Glasgow.
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Uma análise de resultados de mais de 130 estudos permitiu concluir que a solidão levou a um aumento da fragilidade física, o que por sua vez aumenta o risco de resultados adversos na saúde, como depressão, quedas e declínio cognitivo.
O objetivo do estudo, recentemente publicado no The Lancet Healthy Longevity, era perceber até onde iam os efeitos nocivos da solidão e do isolamento social na saúde dos idosos. Constatou-se que todos os tipos de redução do funcionamento social, como a solidão, o isolamento social e a falta de apoio social, estavam associados ao declínio físico nos idosos.
Os especialistas analisaram a relação entre o funcionamento social e a fragilidade física em idosos. Fragilidade diz respeito a muitas formas diferentes de deterioração física, como perda de peso, redução da velocidade de caminhada e diminuição da força muscular. Tudo isso pode afetar, por exemplo, a probabilidade de uma pessoa cair.
Estudos anteriores já haviam mostrado que a fragilidade pode levar a uma diminuição do contacto social. Em alguns casos, a vulnerabilidade física também pode fazer com que as pessoas percam contactos sociais ou se tornem mais solitárias, por exemplo, porque se tornam menos móveis.
Mas, de acordo com Peter Hanlon, investigador clínico da Universidade de Glasgow, o estudo revela que essa relação também pode ser revertida, ou seja, ser a diminuição do contacto social a levar à fragilidade.
Para além de maior risco de depressão, as pessoas solitárias ou com falta de contactos sociais também estão em maior risco de diversas doenças crónicas. Isto porque a falta de contacto social pode ter um efeito direto no sistema imunitário, e um efeito indireto na saúde, por exemplo, através de um estilo de vida pouco saudável.
Os prejuízos a nível do funcionamento físico e social geralmente ocorrem ao mesmo tempo. As pessoas idosas que são fisicamente vulneráveis muitas vezes também têm de lidar com um declínio no funcionamento social e mental. Segundo o líder do estudo, ao cuidar dos idosos há que ter atenção a todos estes aspetos.
Embora a solidão não seja um problema de fácil resolução, há cada vez mais conhecimento sobre possíveis intervenções eficazes, incluindo atividades que ajudam os idosos a aumentar as suas ligações sociais.