Este tratamento – considerado um “avanço significativo”, pode revolucionar o tratamento de úlceras de pé diabético, feridas internas e tumores potencialmente cancerígenos –, envolve aumentar a ativação plasmática de pensos de hidrogel com uma mistura única de diferentes oxidantes químicos que descontaminam e ajudam a curar feridas crónicas.

Endre Szili, da Universidade do Sul da Austrália, salienta que embora os antibióticos e os pensos com prata sejam geralmente usados para tratar feridas crónicas, ambos apresentam desvantagens. A crescente resistência aos antibióticos é um desafio global, mas a toxicidade induzida pela prata também é bastante preocupante.

Os benefícios do gás ionizado por plasma frio já foram comprovados em ensaios clínicos, mostrando que além de controlar a infeção também estimula a cura. Isto deve-se ao potente cocktail químico de oxidantes, nomeadamente espécies reativas de oxigénio e nitrogénio (RONS) que produz quando mistura e ativa as moléculas de oxigénio e de nitrogénio no ar ambiente.

No estudo, publicado recentemente na Advanced Functional Materials, os investigadores demonstraram que os pensos de hidrogel ativadores de plasma com RONS tornam o gel muito mais poderoso, matando bactérias comuns (E. coli e P. aeruginosa) que causam a infeção das feridas.
Segundo os especialistas, os hidrogéis ativados por plasma também podem ajudar a ativar o sistema imunológico, que ajuda a combater infeções.

As infeções crónicas de feridas são uma pandemia silenciosa que ameaça tornar-se uma crise global dos cuidados de saúde. É urgente descobrir tratamentos alternativos aos antibióticos e aos pensos de prata, porque quando estes tratamentos não funcionam, muitas vezes ocorrem amputações.

O Dr. Szili revela que uma grande vantagem da terapia de hidrogel ativado por plasma (PAHT) é o facto de poder ser usada no tratamento de todas as feridas. É um tratamento ambientalmente seguro que utiliza componentes naturais do ar e da água para produzir os seus ingredientes ativos, que se degradam em componentes não tóxicos e biocompatíveis.

No futuro, o plasma poderá ser utilizado para tratar tumores cancerígenos, ativando substâncias presentes em géis injetados no organismo. Os ingredientes ativos poderiam ser administrados durante longos períodos, melhorando o tratamento, com maior possibilidade de penetrar no tumor.
Esta é apenas a ponta do iceberg, pois o plasma tem um enorme potencial no mundo médico.