Crescer dói? Esclareça as dúvidas sobre as dores de crescimento
Certamente já ouviu falar de “dores de crescimento”, um termo utilizado pela primeira vez em 1823 pelo médico francês Duchamp. Aplica-se habitualmente ao quadro clínico caracterizado por desconforto e dor, mais frequentemente dos membros inferiores, mas também da coluna, em crianças e adolescentes.
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Embora sem causas reais identificadas, e sendo passageira, a condição pode ser bastante incómoda pelo que não deve ser minimizada.
As chamadas dores de crescimento afetam cerca de 30% das crianças e jovens em desenvolvimento e fazem-se sentir com mais frequência em duas fases distintas: entre os três e os cinco anos e/ou entre os oito e os doze anos.
Associadas desde sempre aos picos de crescimento das crianças, períodos de rápido e acentuado desenvolvimento ósseo, a origem destas dores seria o estiramento forçado das estruturas adjacentes: músculos, tendões, nervos, etc. Contudo, diversos estudos têm vindo a contrariar esta teoria, uma vez que o crescimento ósseo é lento e gradual, e nunca tão súbito que justifique a existência de dor.
Atualmente atribui-se a causa das dores de crescimento à fadiga muscular, natural em dias de grande atividade física e esforço muscular. Isto porque as queixas surgem geralmente ao fim do dia ou à noite, podendo prolongar-se pela noite dentro, e manifestar-se até durante o sono, o que provoca o despertar da criança.
A sua intensidade e frequência são muito variáveis: enquanto a dor pode ir de leve a muito intensa, os episódios de dor podem ser regulares e durar de algumas horas a vários dias, ou estar semanas e meses a fio, sem ocorrer.
As dores de crescimento justificam uma vigilância das primeiras queixas para excluir outros diagnósticos mas, em geral, não requerem exames complementares de diagnóstico. Não sendo consideradas uma doença, não se pode falar de tratamento no sentido de cura. É possível, contudo, aliviar a dor, através de: mimos, massagens localizadas, aplicação de calor (toalha quente, bolsa térmica) e alongamentos.
Na maioria dos casos não se justifica a toma de qualquer analgésico. No entanto, se as dores noturnas forem intensas e frequentes, a toma de um analgésico ou anti-inflamatório leve, apropriado à idade – e desde que receitado pelo médico pediatra ou ortopedista –, pode ajudar a ter uma noite mais descansada.
Resumindo, as dores de crescimento são reais mas não existe relação comprovada com o crescimento. Por poderem ser confundidas com outras doenças, em caso de dúvida, é fundamental que a criança seja devidamente avaliada por um ortopedista pediátrico.