Plano de reorganização da rede dos serviços de urgência do SNS
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta atualmente um período crítico devido a várias circunstâncias, incluindo a escassez global de recursos humanos na área da saúde. A excessiva procura de cuidados de saúde em situações de urgência hospitalar pelos portugueses e a histórica dependência do trabalho extraordinário por parte dos profissionais de saúde para manter os Serviços de Urgência (SU) também contribuem para este contexto desafiador.
SOCIEDADE E SAÚDE
EMERGÊNCIAS E URGÊNCIAS HOSPITALARES
Os Serviços de Urgência (SU) são complexos em termos de cuidados de saúde prestados e têm uma grande afluência de casos realmente emergentes, de casos de menor gravidade mas que exigem rápida intervenção, e ainda de casos sem qualquer gravidade. LER MAIS
A resistência de um número significativo de médicos à realização de trabalho extraordinário, devido ao elevado esforço a que estão sujeitos, coloca em risco o modelo atual dos SU. Nesse sentido, uma reorganização da resposta torna-se imperativa para garantir o acesso, promover a equidade, manter a segurança e melhorar a eficiência na prestação de cuidados urgentes e emergentes.
Nas últimas semanas, a Direção Executiva do SNS (DE-SNS) tem monitorizado ativamente a situação, colaborando estreitamente com profissionais de saúde, equipas no terreno e lideranças clínicas e de gestão em instituições hospitalares em todo o país. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) também desempenhou um papel fundamental na gestão do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), garantindo colaboração entre unidades hospitalares e reforçando a resposta a nível local.
Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), através da Linha SNS24, têm desempenhado um papel crucial na gestão da procura de cuidados de saúde, fornecendo informações à população sobre as atitudes adequadas a adotar em caso de necessidade de acesso a cuidados de saúde.
Com base no Decreto-Lei n.º 52/2022 e no Decreto-Lei n.º 61/2022, a DE-SNS assume a responsabilidade de reorganizar temporariamente o modelo de funcionamento da resposta assistencial, promovendo uma articulação reforçada entre as instituições do SNS. Esta medida visa assegurar a gestão eficaz da rede do SNS, proporcionando melhorias contínuas no acesso, previsibilidade e segurança nos serviços prestados.
A DE-SNS está empenhada na construção de um modelo de urgências referenciadas, visando implementar uma experiência-piloto a curto prazo. Apesar da complexidade do processo, espera-se que este traga dados valiosos para a reforma dos serviços de urgência, avaliando necessidades reais, oferta de recursos humanos e capacidade de gestão em rede, com o objetivo de reduzir o esforço dos médicos e construir um sistema mais sustentável.
Apesar das limitações identificadas, os Serviços de Urgência do SNS, com mais de 80 pontos em todo o país, demonstram uma capacidade única de articulação e suporte, garantindo segurança e qualidade na prestação de cuidados de saúde de forma planeada e organizada. Durante o período de 19 a 25 de novembro, foram identificadas instituições/especialidades com constrangimentos previstos, estabelecendo-se instituições preferenciais de referenciação com base na rede publicada pela Declaração de Retificação nº 1032-A/2015, de 24 de novembro.