O estudo intitulado “Saúde Ocular e o Mundo do Trabalho” permitiu concluir que 13 milhões de pessoas vivem com deficiência visual associada à sua profissão, estimando-se que 3,5 milhões de lesões oculares ocorram no local de trabalho todos os anos, o que equivale a 1% de todos os acidentes de trabalho não fatais.

A saúde ocular afeta significativamente o mercado de trabalho: trabalhadores com deficiência visual têm 30% menos probabilidades de serem empregados, em comparação com indivíduos sem deficiência.
O desenvolvimento económico desempenha um papel significativo na prevalência da deficiência visual, com as regiões de baixo e médio rendimento a registarem cerca de quatro vezes mais casos do que as regiões de alto rendimento.

De acordo com o estudo, mais de 90% dos casos de deficiência visual são evitáveis ou tratáveis através de intervenções existentes e com elevada taxa de custo-efetividade – o que realça a necessidade de iniciativas globais coordenadas.

Assim, os programas de segurança e saúde no trabalho destinados a proteger a visão dos trabalhadores devem ser concebidos tendo em mente três objetivos: prevenir a exposição a riscos específicos em cada local de trabalho, proteger a saúde existente dos olhos dos trabalhadores e fornecer um sistema para incluir a perda de visão natural dos trabalhadores nas avaliações de risco.

Os trabalhadores devem ser informados dos riscos que podem afetar a saúde da sua visão. Estes e os seus representantes devem ainda ser consultados sobre programas e intervenções de saúde ocular nos locais de trabalho.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) enfatiza a importância de proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores – incluindo os seus olhos. Ao priorizar a consciencialização sobre a saúde ocular e a implementação efetiva, pode-se garantir que os trabalhadores tenham acesso a um ambiente de trabalho seguro e saudável. Isso garantirá o seu bem-estar geral, reduz as disparidades e leva a um aumento da produtividade.

Para Caroline Casey, da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), este estudo revela a importância de cuidar dos nossos olhos, e ainda dá orientações e recomendações muito úteis sobre como proteger e promover a saúde ocular no local de trabalho.

Assim, além do acompanhamento regular por um médico oftalmologista, recomenda-se que os trabalhadores adotem medidas preventivas como utilizar óculos graduados, caso tenham prescrição médica; quando o trabalho requer olhar para ecrãs, fazer uma pausa de 20 segundos de 20 em 20 minutos e olhar para algo que esteja pelo menos a 6 metros de distância; piscar mais vezes os olhos durante o dia; posicionar o ecrã do computador a cerca de 10-12 cm abaixo do nível dos olhos e a 50-70 cm de distância; ajustar o brilho e o contraste dos ecrãs, assim como o tamanho do texto; utilizar óculos de proteção adequados nas atividades profissionais que o exigem e utilizar uma iluminação adequada e minimizar o encandeamento.

Com base nos números apresentados no relatório, as deficiências visuais relacionadas com o trabalho ocupam o terceiro maior fator causal de doenças da visão. Prevê-se que o número de pessoas que sofrem destes problemas aumente nos próximos anos, pelo que é urgente investir em ações preventivas para evitar impactos devastadores na vida dos indivíduos e dos seus familiares.