Cigarros eletrónicos não são alternativa mais segura ao tabaco
Pensava-se que fumar cigarros eletrónicos, ou e-cigarros, seria uma alternativa potencialmente menos prejudicial do que o tabaco tradicional, contudo, um especialista da Universidade do Texas, em Arlington, diz o contrário.
Um novo estudo realizado por Ziyad Ben Taleb, diretor do Laboratório de Investigação de Nicotina e Tabaco, permitiu concluir que fumar e-cigarros é tão prejudicial ao organismo quanto fumar cigarros. Os e-cigarros não são uma alternativa segura ao tabagismo, especialmente quando se trata de preservar a função cardiovascular.
No estudo, publicado na revista Tobacco Induced Diseases, foi avaliado o impacto dos cigarros eletrónicos em forma de cápsulas na função vascular periférica e cerebral, juntamente com experiências subjetivas, entre fumadores adultos. Um grupo de quase 20 indivíduos participou em duas sessões no laboratório onde fumaram um cigarro tradicional e um cigarro eletrónico em forma de cápsulas.
Todos os participantes responderam a perguntas que avaliavam experiências subjetivas. Em comparação com fumar um cigarro eletrónico, os participantes obtiveram pontuações mais altas em medidas como satisfação, sabor e supressão do desejo após fumar.
Para avaliar os efeitos da vaporização e do tabaco, a equipa de investigação mediu a taxa na qual os vasos sanguíneos dos participantes se dilataram de volta ao tamanho normal. Estas medições foram feitas antes e depois da exposição. Os resultados mostraram atrasos nesse processo tanto para o uso dos cigarros eletrónicos quanto para o cigarro tradicional.
Ben Taleb salienta que a constrição dos vasos sanguíneos pode ter grandes impactos na saúde a longo prazo. Vários estudos associam uma reação retardada e dilatação a futuros eventos cardiovasculares negativos, como derrames, hipertensão e ataques cardíacos.
A aparência elegante dos cigarros eletrónicos, a disponibilidade de sabores e imagem nos media e nos círculos de celebridades são as principais razões pelas quais estes são considerados como uma alternativa mais segura ao cigarro, no entanto, a sua composição química, que inclui formaldeído, causa oxidação prejudicial ao organismo. Isso pode levar à inflamação crónica que, por sua vez, pode dar origem a problemas maiores a longo prazo, como coágulos e danos nos tecidos cardiovasculares.
Os resultados permitiram concluir que, tal como o cigarro tradicional, um cigarro eletrónico em forma de cápsula leva a um comprometimento da função vascular periférica e cerebral, ao mesmo tempo que proporciona uma experiência subjetiva reduzida em comparação com um cigarro entre fumadores adultos.
Embora estes dados desafiem a noção de que o uso de cigarros eletrónicos é uma alternativa segura e satisfatória aos cigarros tradicionais, são necessários grandes estudos longitudinais para avaliar, a longo prazo, o impacto dos dispositivos de cigarros eletrónicos baseados em cápsulas nos resultados cardiovasculares e comportamentais dos indivíduos.