Risco de suicídio é maior em crianças que sofreram discriminação
Crianças que sofrem discriminação com base no peso, raça ou orientação sexual têm probabilidades significativamente maiores de cometer suicídio um ano depois, de acordo com um novo estudo publicado no Journal of Pediatrics.
A investigação que demonstra que as experiências de estigma e discriminação em adultos são prejudiciais à saúde, por poderem aumentar o risco de pensamentos e comportamentos suicidas, é extensa. Já os estudos que analisam o impacto da discriminação na tendência suicida em crianças, principalmente ao longo do tempo, são escassos.
Por essa razão, uma equipa de investigadores da Uniformed Services University (USU), nos Estados Unidos, decidiu realizar uma investigação que analisou dados do Estudo de Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente (ABCD), um estudo longitudinal de 10 anos em vários locais com mais de 11.000 crianças matriculadas entre os 9 e 10 anos de idade e que serão avaliadas anualmente até que completem 19-20 anos.
Numa amostra de mais de 10.000 crianças de 12 anos, os especialistas descobriram que a discriminação com base no peso, raça/etnia/cor e orientação sexual percebida foram todas associadas a probabilidades significativamente maiores de suicídio um ano depois.
Constatou-se ainda que, em comparação com os jovens que não relataram discriminação, aqueles que sofreram pelo menos duas formas de discriminação tiveram quase cinco vezes mais hipóteses de relatar tendências suicidas um ano depois, o que sugere um efeito cumulativo da discriminação e destaca o impacto potencial da interseção de identidades minoritárias sobre a saúde mental.
Segundo a Dra. Natasha Schvey, autora sénior do estudo, as descobertas também têm implicações importantes para os militares, uma vez que dos mais de 1,6 milhão de crianças militares, mais de dois terços têm 11 anos ou são mais novas.
Além disso, devido a outros stressores únicos enfrentados pela família militar, como as mudanças frequentes, os dependentes militares podem ter um risco maior. Assim, para garantir uma família militar forte e saudável, é fundamental avaliar experiências de discriminação e garantir um apoio consistente à saúde mental.
Os resultados do estudo mostram que as crianças que sofrem discriminação com base em múltiplos atributos têm probabilidades elevadas de pensamentos e comportamentos suicidas, logo, são necessárias medidas para abordar e prevenir a discriminação e vitimização entre os jovens.