OFTALMOLOGIA

Probiótico oral promissor no tratamento da doença do olho seco

O olho seco, ou síndrome do olho seco, é uma doença oftalmológica muito frequente, atingindo cerca de meio milhão da população adulta portuguesa e uma em cada 20 pessoas nos Estados Unidos. Num estudo levado a cabo no Baylor College of Medicine, a administração oral de uma estirpe bacteriana probiótica disponível comercialmente melhorou a doença do olho seco num modelo animal.

Probiótico oral promissor no tratamento da doença do olho seco

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A condição é provocada pela produção insuficiente da lágrima ou pela sua evaporação excessiva e causa sintomas como ardência e ardor nos olhos, inflamação, visão embaçada e sensibilidade à luz, que limitam significativamente o desempenho de tarefas do dia a dia e a qualidade de vida dos pacientes. Casos extremos podem resultar em danos à superfície do olho se não forem tratados.

Os tratamentos mais comuns incluem a aplicação de colírios, géis ou pomadas, mas este novo tratamento não convencional envolve bactérias no trato intestinal. Laura Schaefer, uma das especialistas envolvidas, relembra que as bactérias “amigáveis” que vivem no trato gastrointestinal humano têm sido associadas à saúde e proteção contra doenças em muitas partes do corpo, incluindo no intestino, cérebro e pulmões, pelo que não surpreende que o microbioma intestinal também tenha efeitos nos olhos.

Trabalhos realizados anteriormente pela equipa de investigação revelaram que ratinhos que receberam bactérias intestinais de pacientes com síndrome de Sjögren com olho seco grave desenvolveram pior doença ocular em condições secas do que animais que receberam bactérias intestinais de pacientes humanos saudáveis. O facto sugere que as bactérias intestinais de pessoas saudáveis ajudam a proteger a superfície do olho em condições secas.

Uma via de tratamento possível para o olho seco envolveria bactérias probióticas que têm efeitos protetores semelhantes. O grupo utilizou uma estirpe bacteriana probiótica administrada por via oral, a Limosilactobacillus reuteri DSM17938, num modelo de ratinho com olho seco.

A DSM17938 é uma estirpe bacteriana probiótica de origem humana, comercialmente disponível, que já demonstrou efeitos protetores no intestino e no sistema imunológico de humanos e de ratinhos, mas que não foi testada no contexto da saúde ocular.

Os animais foram tratados pela primeira vez com antibióticos, que matam muitas das bactérias "amigáveis" que vivem no intestino. Foram depois expostos a condições muito secas e alimentados com doses diárias de bactérias probióticas ou com uma solução salina como controle. Após 5 dias, os especialistas examinaram os olhos quanto à doença.

Verificou-se, então, que os ratinhos que foram alimentados com as bactérias probióticas tinham superfícies da córnea mais saudáveis e intactas. Além disso, esses animais tinham mais células caliciformes no tecido ocular, que são células especializadas que produzem mucina, um componente essencial das lágrimas. Os resultados sugerem que o probiótico oral certo pode ajudar a tratar e a controlar os sintomas de olho seco.

Fonte: Tupam Editores

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