Publicado recentemente na revista Cell Reports, o estudo explica, pelo menos em parte, como a vitamina K ajuda a prevenir a diabetes e pode levar a novas aplicações terapêuticas para a doença.

A vitamina K é um micronutriente conhecido pelo seu papel na coagulação do sangue, em particular na gama-carboxilação, uma reação enzimática essencial para o processo. Suspeita-se há vários anos que esta vitamina e, portanto, a gama-carboxilação, possa desempenhar também outras funções.

São vários os estudos que sugerem uma ligação entre a ingestão reduzida de vitamina K e um risco aumentado de diabetes, no entanto, os mecanismos biológicos pelos quais a vitamina K protege contra a diabetes continuam um mistério.

Na investigação, a equipa de cientistas foi a primeira a determinar que as enzimas envolvidas na gama-carboxilação e, portanto, no uso da vitamina K, estavam presentes em grandes quantidades nas células beta pancreáticas – as mesmas células que produzem a preciosa insulina que controla os níveis de açúcar no sangue.

Sabe-se que a diabetes é causada por uma redução no número de células beta ou pela sua incapacidade de produzir insulina suficiente. Para descobrir o mecanismo celular pelo qual a vitamina K mantém a função das células beta, foi essencial determinar qual a proteína que foi alvo da gama-carboxilação nessas células. A equipa conseguiu, então, identificar uma nova proteína gama-carboxilada chamada ERGP.

Segundo Mathieu Ferron, investigador líder, o estudo mostrou que essa proteína desempenha um papel importante na manutenção dos níveis fisiológicos de cálcio nas células beta, a fim de evitar um distúrbio na secreção de insulina. Mostrou-se ainda que a vitamina K através da gama-carboxilação é essencial para que a ERGP desempenhe o seu papel.

Esta foi a primeira vez em 15 anos que uma nova proteína dependente da vitamina K foi identificada, abrindo um novo campo de investigação nesta área.