AUTISMO

Inseticidas comuns ligados a transtornos do neurodesenvolvimento

Um estudo realizado por investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Toledo, nos EUA, sugere que a exposição precoce a uma classe comum de inseticidas chamados piretroides pode aumentar o risco de autismo e de outros distúrbios do desenvolvimento, mesmo em níveis atualmente considerados seguros pela legislação.

Inseticidas comuns ligados a transtornos do neurodesenvolvimento

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Os piretroides, compostos químicos sintéticos que têm origem na piretrina, são dos inseticidas mais utilizados no país, fazendo parte tanto de produtos de consumo quanto de preparações industriais. São utilizados em paisagismo, e contra os mosquitos, mas a investigação, publicada na revista PNAS Nexus, veio aumentar as evidências de que esses produtos químicos podem não ser tão seguros para as crianças e as grávidas como se pensava.

O interesse numa possível ligação entre autismo e piretroides aumentou depois de vários estudos epidemiológicos terem revelado taxas mais altas de distúrbios do desenvolvimento neurológico em áreas onde os pesticidas foram usados.
A nova investigação da Universidade de Toledo procurou basear-se nesses estudos populacionais, analisando as mudanças comportamentais específicas atribuíveis à exposição de baixo nível aos piretroides.

Trabalhando em conjunto com uma equipa que incluía cientistas de Columbia, Emory e da Universidade do Sul da Califórnia, o Dr. James Burkett, autor correspondente do trabalho, examinou os filhotes de ratinhos fêmeas que foram expostos a pequenas doses do inseticida piretroide deltametrina antes, durante e imediatamente após a gravidez.

Os especialistas descobriram que esses animais exibiam maior hiperatividade e comportamentos repetitivos, menos vocalização e tinham maior propensão para falhar em testes básicos de aprendizagem em comparação com os controles. Os ratinhos jovens também experimentaram interrupções no sistema de dopamina.

Todos estes sinais são semelhantes aos sintomas que os pacientes humanos com distúrbios do desenvolvimento neurológico podem experimentar. Isto não significa que os ratinhos tenham autismo ou TDAH. O que se apurou é que algo no seu cérebro foi alterado por essa exposição e está a originar o mesmo tipo de comportamentos que se observam em crianças com autismo.

As investigações tradicionalmente concentram-se na genética, mas sabe-se que existe um elemento ambiental significativo. Infelizmente, esses fatores são muito mal compreendidos, razão pela qual este tipo de estudo é tão importante. Burkett realça que não se pode mudar a genética de alguém, mas podem-se abordar fatores ambientais.

Os piretroides não são a única classe de pesticidas que foram associados ao autismo, e os investigadores são da opinião de que o desenvolvimento da condição requer mais do que um único gatilho.

Esta investigação representa uma peça do quebra-cabeças. Não é uma prova definitiva de que o pesticida não é seguro ou causa diretamente autismo em humanos, no entanto, pode sugerir que o nível seguro do pesticida necessita de ser revisto para as grávidas e para as crianças.

Fonte: Tupam Editores

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