Menopausa precoce pode aumentar risco de Alzheimer
Um estudo realizado por investigadores americanos permitiu apurar que as mulheres que entram na menopausa precocemente podem ter maior probabilidade de desenvolver demência. A investigação aponta que o problema pode estar no início tardio da terapia de reposição hormonal.
As descobertas sugerem que iniciar a terapia hormonal logo após a ocorrência dos primeiros sintomas pode ser melhor para a saúde do cérebro, além de reduzir doenças cardíacas e outros problemas médicos ligados à menopausa. Segundo JoAnn Manson, autora sénior do estudo, quando se trata de terapia hormonal, o tempo é tudo.
Até 10% das mulheres têm uma menopausa prematura, definida como a menopausa que ocorre espontaneamente antes dos 40 anos. A condição tem sido associada a um maior risco de doença de Alzheimer (DA), no entanto, se as alterações nas hormonas sexuais levam à demência ainda está por compreender.
A terapia de reposição hormonal pode melhorar os sintomas graves da menopausa, desde ondas de calor até suores noturnos e alterações de humor, mas o seu impacto na saúde do cérebro tem sido menos claro.
No estudo, publicado na revista científica JAMA Neurology, os especialistas utilizaram imagens cerebrais de 193 mulheres e 99 homens para identificar a presença de duas proteínas, beta-amiloide e tau, que são características da DA.
As mulheres têm maior propensão do que os homens para desenvolver DA e, como esperado, os exames revelaram mais proteína tau nestas do que nos homens da mesma idade, além disso, também apresentavam altos níveis de amiloide no cérebro. Os exames revelaram ainda que a ligação entre amiloide e tau anormal era muito mais forte em mulheres que haviam entrado na menopausa prematuramente.
Ao investigarem se a terapia hormonal estaria ligada ao acúmulo de proteínas anormais, os especialistas descobriram evidências de que isso acontecia, no entanto, apenas quando as mulheres iniciavam a terapia cinco anos, ou mais, após terem entrado na menopausa. Gillian Coughlan, uma das autoras do estudo, refere que a terapia hormonal pode ter efeitos negativos sobre a cognição, mas somente se iniciada vários anos após a menopausa.
Embora as descobertas possam parecer preocupantes, não ficou provado que a terapia hormonal impulsiona a DA. Os investigadores não observaram se os participantes desenvolveram sintomas de demência, e não há uma certeza de causa e efeito neste tipo de investigação.
Ainda há muito para entender sobre como a menopausa e a terapia de reposição hormonal influenciam o risco de demência. São necessários estudos maiores e ensaios clínicos controlados para compreender melhor essa complexa área de investigação e entender as descobertas conflituantes que surgiram nos últimos anos.
Algumas investigações anteriores destacaram os potenciais benefícios cognitivos da terapia hormonal, enquanto outros estudos apontam para um risco aumentado de problemas de memória e pensamento. Embora este estudo forneça novos dados valiosos para este tópico, ainda não se conseguiu apontar uma ligação definitiva entre a terapia hormonal e a DA ou demência.