Fomepizol ajuda a superar pneumonia resistente a antibióticos
Um estudo realizado por investigadores da Universidade do Alabama, em Birmingham, sugere que o fármaco fomepizol – já aprovado pela FDA para tratar envenenamento por metanol – pode ajudar a tratar a pneumonia resistente a antibióticos em ratinhos.
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PNEUMONIAS
Embora haja grupos e estações de risco, a pneumonia pode afetar qualquer pessoa, em qualquer altura do ano. Quanto mais depressa identificar os sinais, melhor será a sua recuperação. LER MAIS
A pneumonia pneumocócica, uma infeção pulmonar aguda causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, é responsável por cerca de 150.000 hospitalizações nos EUA todos os anos, sendo fatal em um em 20 dos infetados. A S. pneumoniae é a principal fonte de pneumonia adquirida na comunidade, ou seja, contraída fora do ambiente hospitalar.
Embora existam vacinas para proteger contra a bactéria, essas vacinas não são eficazes contra todas as estirpes, e algumas versões são especialmente problemáticas, pois são multirresistentes. Atualmente, as opções de tratamento para combater infeções por S. pneumoniae multirresistentes são muito limitadas.
O fomepizol, também conhecido como 4-metilpirazol, é um medicamento normalmente usado como antídoto para a ingestão de álcoois tóxicos (como metanol ou etilenoglicol) e atua inibindo a enzima álcool desidrogenase.
Para testar os efeitos de novos tratamentos para S. pneumoniae resistente a antibióticos, os especialistas conduziram uma série de experiências com ratinhos.
Durante a investigação, publicada na revista PLOS Biology, os ratinhos foram inoculados com uma estirpe de S. pneumoniae multirresistente e os investigadores testaram o efeito do fomepizol num tratamento combinado com antibióticos. Quantificaram a carga bacteriana nos órgãos dos animais infetados, comparando o grupo experimental com o grupo controle.
Descobriram, então, que o fomepizol foi eficaz a bloquear a produção normal de energia da bactéria. O tratamento com o medicamento também tornou as bactérias mais sensíveis ao antibiótico eritromicina quando administrado em combinação, reduzindo a carga de bactérias nos pulmões dos ratinhos e evitando que a doença se tornasse mais invasiva.
Segundo Carlos J. Orihuela, autor sénior do estudo, o direcionamento farmacológico das vias de fermentação é uma nova forma de aumentar a suscetibilidade de algumas bactérias aos antimicrobianos. O tratamento combinado de eritromicina e fomepizol impediu a disseminação in vivo de S. pneumoniae resistente a antibióticos.
No entanto, é necessário realizar outras investigações no futuro, pois o novo tratamento medicamentoso não foi replicado em estudos clínicos em humanos, que podem apresentar fatores complicadores, como comorbidades, idade avançada ou variáveis ambientais que desempenham um papel nos resultados da doença.