Nova droga provoca efeito antidepressivo em ratinhos em 2 horas
Uma equipa de investigadores a trabalhar na Universidade Médica de Nanjing, na China, desenvolveu um novo medicamento antidepressivo que provoca um efeito antidepressivo em ratinhos em apenas duas horas.
MENTE E RELACIONAMENTOS
DEPRESSÃO - A GUERRA ENTRE A APATIA E O ÂNIMO
A depressão é uma das mais frequentes doenças psiquiátricas. Pode afectar todas as pessoas em qualquer idade e, se não for tratada, pode, em última análise, levar ao suicídio. LER MAIS
A depressão crónica é uma das formas mais comuns de doença mental, e os investigadores têm trabalhado arduamente em busca de uma cura. A maioria dos medicamentos usados para tratar a doença são inibidores da recaptação de serotonina que reduzem a depressão ao direcionar os transportadores de serotonina – e são genericamente conhecidos como medicamentos ISRS. Funcionam aumentando os níveis de serotonina no cérebro.
Infelizmente, esses medicamentos podem demorar muitas semanas a causar impacto e também podem ter efeitos colaterais graves, como aumentar o risco de suicídio. Neste novo esforço, os investigadores adotaram uma nova abordagem – desassociando os ISRS e uma enzima chamada de óxido nítrico sintase neuronal (nNos.).
Os especialistas perguntaram-se o que poderia acontecer se a serotonina fosse dissociada da nNos no cérebro do rato. Na sua opinião isso poderia levar a reduções na quantidade de serotonina numa parte do cérebro (o núcleo dorsal da rafe) e quantidades aumentadas noutra (o córtex pré-frontal medial).
O resultado, acreditavam eles, deveria ser uma rápida melhora nos sintomas de depressão.
Para descobrir se isso acontecia, os investigadores desenvolveram um composto denominado ZZL-7 que, quando injetado nos ratinhos, modificou o disparo de neurónios que produzem serotonina no núcleo dorsal da rafe e, ao fazê-lo, interrompeu as interações entre os transportadores de serotonina e os nNos.
Isso levou a um aumento da quantidade de serotonina no córtex pré-frontal medial, o que, segundo os investigadores, provavelmente seria sentido em humanos como uma redução nos sintomas de depressão. Foi possível observar ainda que, como o cérebro começa a aumentar a quantidade de serotonina no córtex pré-frontal medial quase imediatamente, os efeitos do composto devem ser sentidos em poucas horas.
Os investigadores sugerem ainda que a dissociação de ISRS e nNos como meio de combater a depressão também deve evitar os efeitos colaterais tão comuns noutras terapias. O estudo foi publicado no jornal Science.