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Médicos prescrevem menos analgésicos durante os turnos da noite

A gestão da dor é um dos maiores desafios do sistema de saúde moderno. Quase 60% dos adultos dos EUA revelam ter sentido dor nos últimos três meses, sendo esta uma das principais razões pelas quais os adultos procuram atendimento médico. Uma gestão adequada da dor é fundamental para a saúde e bem-estar do paciente.

Médicos prescrevem menos analgésicos durante os turnos da noite

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Uma nova investigação realizada por uma equipa multidisciplinar de cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, permitiu concluir que os médicos prescrevem menos analgésicos durante os turnos noturnos do que durante o dia.

O estudo, publicado recentemente no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), foi dividido em duas partes. Na primeira parte 67 médicos receberam tarefas de avaliação de empatia pela manhã e foi-lhes pedido para responder a cenários simulados de pacientes. Esses médicos estavam no final de um turno de 26 horas, ou a dar início ao seu dia de trabalho.

Foi possível concluir que os médicos que haviam completado um turno noturno mostravam menos empatia pela dor do paciente. Por exemplo, esses médicos exibiram respostas emocionais diminuídas a fotos de pessoas com dor e pontuaram consistentemente os pacientes com pouca dor nos gráficos de avaliação da dor.

Na segunda parte do estudo, os cientistas analisaram decisões médicas reais feitas por médicos de emergência nos Estados Unidos e em Israel. Ao todo, foram analisadas 13.482 notas de alta de pacientes que chegaram ao hospital em 2013-2020 com uma queixa principal de dor (dor de cabeça, dor nas costas etc.).

Em todos os conjuntos de dados, os médicos tinham 20-30% menos propensão para prescrever um analgésico durante os turnos noturnos (em comparação com os turnos diurnos) e prescreveram menos analgésicos do que geralmente recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

Isto acontece porque os médicos estão cansados e, portanto, são menos empáticos com a dor dos pacientes. Ao analisar as notas de alta dos médicos de emergência, constatou-se que prescreveram menos analgésicos.
Esse viés permaneceu significativo mesmo após o ajuste para o nível de dor relatado pelos pacientes, dados demográficos dos pacientes e médicos, tipos de queixas e características do departamento de emergência.

Concluiu-se, então, que o trabalho noturno é uma fonte importante e não reconhecida de viés na gestão da dor, provavelmente decorrente da perceção enfraquecida da dor. Segundo os cientistas, mesmo médicos especialistas, que se esforçam para dar o melhor atendimento aos seus pacientes, são suscetíveis aos efeitos de um turno da noite.

No futuro os cientistas sugerem a implementação de diretrizes de gestão da dor mais estruturadas nos hospitais. Outra implicação importante diz respeito à estrutura de trabalho dos médicos e à necessidade de melhorar os seus horários de trabalho.
Estas descobertas podem ter implicações noutros locais de trabalho que envolvem trabalho por turnos e uma tomada de decisão empática, e os resultados, provavelmente, serão importantes para todas as pessoas privadas de sono.

Fonte: Tupam Editores

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