Alzheimer: fármaco experimental reverte a perda sináptica
Um medicamento experimental restaurou as sinapses cerebrais em dois modelos de ratos da doença de Alzheimer, aumentando as esperanças de que poderia ajudar a recuperar a função cognitiva em pacientes humanos com demência, relatam cientistas da Universidade de Yale.
Embora muitas investigações sobre a doença de Alzheimer se tenham centrado na redução dos níveis de placa beta-amilóide no cérebro, a marca registada da doença, os estudos mais recentes sugeriram que a resposta do sistema imunológico no cérebro também desempenha um papel na perda de memória nestes pacientes.
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Alguns cientistas acreditam que o declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer resulta de uma perda de conexões sinápticas entre os neurónios causada por um acúmulo constante de proteína beta-amilóide no cérebro que, por sua vez, desencadeia uma resposta crónica do sistema imunológico ao intruso. Os estágios finais da doença levam à morte dos neurónios.
Segundo Stephen Strittmatter, professor de neurologia, a perda de sinapses desencadeada pela beta-amilóide e pela inflamação é necessária para interromper as redes neurais e causar o declínio cognitivo observado na doença de Alzheimer.
O acúmulo de amiloide precede a inflamação e a perda de sinapses, e é por isso que as pessoas podem ter um acúmulo de amiloide uma década antes de apresentarem problemas de memória e de comportamento.
Nos últimos anos Strittmatter e outros cientistas concentraram-se em formas de interromper a perda sináptica em pacientes com demência sem a necessidade de remover amiloide do cérebro. Descobertas bioquímicas levaram a equipa de Yale a concentrar-se no papel desempenhado pelo receptor celular mGluR5, que ajuda a regular a sinalização do neurotransmissor glutamato, na perda sináptica.
No novo estudo, a imagem PET mostrou que as conexões sinápticas foram restauradas em modelos de ratinhos com Alzheimer quando receberam a substância conhecida como Modulação Alostérica Silenciosa ou SAM (BMS-984923), desenvolvida pela Bristol Myers Squibb para tratar a esquizofrenia.
Segundo os cientistas, a droga, que é administrada por via oral, não interfere com a sinalização normal do glutamato no cérebro. Os especialistas descobriram ainda que a droga restaurou os padrões normais de expressão génica nos neurónios de ratinhos com modelos da doença de Alzheimer.
Strittmatter reparou que a técnica de imagem PET utilizada para examinar os cérebros dos ratinhos pode ajudar os cientistas a avaliar a eficácia de outras drogas experimentais na restauração da função sináptica perdida, inclusive em humanos.