Nanopartículas no combate ao cancro
Um grupo de cientistas desenvolveu um projeto envolvendo um tipo específico de nanopartículas que podem comunicar entre si e, através desse processo conseguem retardar o desenvolvimento de células cancerígenas.
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Por esta via será possível o desenvolvimento de terapias para a destruição do cancro, sem utilização de fármacos, dado que as nanopartículas ao comunicarem seletivamente e apenas com as células cancerígenas, não irão afetar as células saudáveis circundantes ao tumor.
As nanopartículas são programadas para se auto-organizarem quando detetam células cancerígenas no organismo e a partir desse momento enviarem mensagens com instruções para que essas células desacelerem o seu crescimento.
A investigação, detalhada num artigo recentemente publicado na Advanced Materials, revelou uma nova estrutura para o potencial desenvolvimento de terapias contra o cancro sem a utilização de medicamentos, é coordenada por uma equipa de investigadores do Centro de Pesquisa de Ciência Avançada no Centro Pós-Graduação e liderada por Richard Huang da Universidade de Nova York (CCNY).
Segundo refere Richard Huang, “as células cancerígenas absorvem materiais do seu ambiente e também secretam fatores que as ajudam a degradar o tecido circundante, a fim de se disseminar e metastizarem”. “Produzimos partículas que respondem a essas duas características, agregando-se em grupos que são ativamente absorvidos pelas células cancerígenas. Uma vez no seu interior, eles parecem ser capazes de reduzir a atividade metabólica das células cancerosas e, consequentemente, reduzir o seu crescimento”.
Uma das razões por que a progressão do cancro é difícil de controlar é que as células secretam uma quantidade anormalmente elevada da enzima metaloproteinase-9 (MMP-9), uma substância que decompõe o colagénio que mantém unido o tecido saudável.
Usando esse recurso contra as células cancerígenas, os pesquisadores conseguiram desenvolver nanopartículas que, ao detetarem a MMP-9, começam a juntar-se em grandes agregados nas proximidades das células. Em consequência, as células envolvem esses agregados, que devido ao seu tamanho causam sofrimento físico às células invadidas pelo tumor, reduzindo sua capacidade de proliferar e sobreviver.
De destacar que a equipa multidisciplinar de investigadores utilizou técnicas de microscopia de reflexão confocal, para conseguir visualizar os agregados de nanopartículas no interior das células cancerosas em tempo real, técnica de imagem ao vivo que permitiu visualizar mais de perto quando e onde os agregados foram formados e como as células cancerígenas respondiam às partículas a nível subcelular, embora ainda seja necessário decifrar com maior detalhe como elas danificam as células tumorais.
A pesquisa ainda está em estágio inicial, mas as descobertas fornecem possibilidades empolgantes para um tratamento terapêutico sem medicamentos, que pode ser extremamente útil para os pacientes com cancro que desenvolveram resistência aos fármacos e para prolongar a vida de pacientes com cancro metastático, refere o professor Rein Ulijn, membro da equipa.