MORTALIDADE

Campanha e petição querem alargamento de luto por perda de filhos

Todos os anos, em setembro, a Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro assinala o mês internacional de sensibilização para o cancro pediátrico. Este ano, a pensar nos cuidadores, a associação lança uma petição que propõe o alargamento do período de luto pela perda de um filho para 20 dias. A legislação prevê, atualmente, apenas cinco dias consecutivos.

Campanha e petição querem alargamento de luto por perda de filhos

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“A experiência, de 27 anos, no acompanhamento dos pais, diz-nos que, ao fim de cinco dias, ninguém está em condições de poder regressar ao trabalho. Mesmo quando o retorno à vida laboral pode ser um contributo positivo para o processo de luto, este período não chega. Um pai ou uma mãe que durante largos períodos de tempo, muitas vezes vários anos, acompanhou um filho doente que acaba por morrer, dificilmente tem condições para encarar o retorno imediato à vida laboral. 5 dias é pouco. Esta petição é para todos os pais que perdem um filho”, explica a Acreditar.

Desta campanha faz parte um vídeo “onde pais de crianças que não sobreviveram à doença oncológica dão a cara, interpelando-nos: não há nome para um pai que perde um filho e não há tempo para esse luto. Metáfora de uma espécie de duplo abandono a que são votados no processo do luto, pela sociedade, que receia falar do assunto, e pelo Estado, que não dá mais tempo nem condições aceitáveis para uma reorganização possível”, refere a associação num comunicado.

A campanha conta ainda com um site próprio – www.peticaolutoparental.com – onde pode assinar a ser petição e onde consta informação especializada sobre o luto parental, formas que podem ajudar a enfrentá-lo, testemunhos de pais, irmãos, sugestões de leitura, entre outra informação relevante.

“Falar sobre o luto parental, trazer a discussão para o espaço público, tirar estes pais do anonimato e da solidão que tantas vezes encontram neste caminho, é um contributo para a mudança legislativa que se pretende e se impõe”, reforça o documento.

“É importante referir que este ano e meio que a pandemia já leva foi especialmente difícil. Prova disso são os receios de contágios da COVID-19 acrescidos à doença oncológica dos filhos, que obrigou a um isolamento ainda mais severo destas famílias. Cremos que poderá ser uma das razões para uma maior procura de apoio psicológico”, revela a Acreditar ainda no que diz respeito aos cuidadores.

De acordo com a Acreditar, observou-se um “crescimento de dificuldades financeiras, umas pré-existentes, outras consequências da crise económica instalada, e que se refletem no aumento significativo dos pedidos de apoio que todos os dias chegam à Acreditar”.  Em 2020, esta associação apoiou 1520 famílias.

Fonte: Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro

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