Combate à Malária avança com contributo de bioinformática
De acordo com uma equipa de investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho liderada por Nuno Osório, o estudo do maior parasita da malária – o Plasmodium Falciparum – deve considerar, com a ajuda da bioinformática, o estado de desenvolvimento do parasita nos nossos glóbulos vermelhos. O trabalho foi agora publicado na revista Nature.
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A investigação da equipa de Nuno Osório e Sílvia Portugal (investigadora portuguesa do Instituto Max Planck) revelou uma assinatura de transcrição, ou seja, um perfil transversal a vários estudos que identifica uma hipótese nova: o tempo de circulação do parasita está associado ao seu potencial de crescimento e virulência, influenciando o resultado da doença. Com a ajuda da bioinformática foi possível demonstrar a importância de estarmos atentos ao estado de desenvolvimento dos parasitas nos nossos glóbulos vermelhos infetados.
O investigador Nuno Osório explica: “A maior carga de parasitas resulta da capacidade que terão em promover uma ligação forte dos glóbulos vermelhos infetados às células endoteliais [parte da parede interna dos nossos vasos sanguíneos], retirando-os da circulação sanguínea e permitindo fugir à eliminação que numa situação normal aconteceria no baço. Isto contribuirá para um aumento mais rápido da quantidade de parasitas no corpo da pessoa infetada, resultando em apresentações clínicas piores”.
“Ao destacarmos a dinâmica de adesão celular dos glóbulos vermelhos infetados como uma das grandes forças impulsionadoras da severidade clínica da malária reforçamos também futuros alvos terapêuticos que poderão ser utilizados em novas formas de combater a malária”, remata o investigador da Universidade do Minho.
O trabalho desenvolvido contou, em todas as etapas, com apoio de bioinformática. “Nos últimos anos, a bioinformática permitiu evoluir da investigação científica centrada num conjunto limitado de genes ou proteínas para uma perspetiva mais ampla, mais geral e completa”, contextualiza Nuno Osório, responsável da equipa do ICVS que coordenou o trabalho em bioinformática.
Além do papel essencial na identificação de assinaturas, como teve neste trabalho específico, a utilização desta área na investigação biomédica permite a utilização de dados em larga escala, ajudando a responder a questões biológicas mais avançadas. “Estes avanços poderão ser traduzidos em métodos de diagnósticos mais avançados, ou terapias mais eficazes para diversas doenças”, conclui.
A malária é a maior causa de morte em África, com aproximadamente 400 mil mortes em 2019, a maioria de menores de cinco anos.