Produto de células do cordão umbilical otimiza transplantes
Um produto de terapia celular constituído por células do sangue do cordão umbilical multiplicadas em laboratório – designado omidubicel – demonstrou eficácia num ensaio clínico de fase 3. Os resultados foram publicados na prestigiada revista científica Blood, da Sociedade Americana de Hematologia.
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“A implementação desta técnica na prática clínica permitirá, quando necessário, a obtenção de um maior número de células estaminais previamente à sua aplicação, o que representa um importante avanço no campo da transplantação com sangue do cordão umbilical”, segundo Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.
“No sentido de otimizar os resultados destes transplantes, têm vindo a ser desenvolvidas várias técnicas de multiplicação das células do sangue do cordão umbilical, tendo esta sido a primeira a completar ensaios clínicos de fase 3”, explica.
Para demonstrar a eficácia do omidubicel comparativamente a um transplante de sangue do cordão umbilical convencional, participaram, neste ensaio de fase 3, doentes com idades entre os 13 e os 65 anos, elegíveis para transplante hematopoiético com sangue do cordão umbilical, devido a doenças hemato-oncológicas, maioritariamente leucemias.
No âmbito do estudo, 59 participantes foram transplantados com omidubicel e 58 com sangue do cordão umbilical convencional (grupo controlo), após quimioterapia e/ou radioterapia. Para avaliar a segurança e eficácia, foi analisada a recuperação hematológica em ambos os grupos, representada pela recuperação das contagens de neutrófilos (glóbulos brancos que combatem infeções) e de plaquetas no sangue, após o transplante.
Globalmente, a utilização de omidubicel permitiu reduzir, em cerca de dez dias, a recuperação de neutrófilos e, em cerca de 13 dias, a recuperação de plaquetas após transplante.
Assim, no grupo transplantado com omidubicel, verificou-se uma recuperação hematológica mais rápida, que se traduziu numa diminuição da incidência de infeções e do tempo de hospitalização nos primeiros 100 dias após transplante, comparativamente ao grupo controlo.
A incidência de efeitos adversos decorrentes do tratamento foi semelhante nos dois grupos, o que confirma que o tratamento com omidubicel é tão seguro como um transplante de sangue do cordão umbilical convencional, como já tinha sido demonstrado em estudos anteriores.
Este estudo, que envolveu 33 centros de transplantação na América, Europa e Ásia, permitiu confirmar ainda a exequibilidade da distribuição de forma segura deste produto de terapia celular personalizado para vários pontos do globo.