Hospital de Ovar testa novo tratamento para “pés de lagosta”
Os ortopedistas Arminda Malheiro e Filipe Malheiro inovaram no tratamento cirúrgico dos chamados “pés de lagosta” e a sua técnica bem-sucedida, desenvolvida no Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar, acaba de ser divulgada em artigo científico internacional.
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Os “pés de lagosta” são uma malformação congénita rara caracterizada por um defeito que se estende desde o antepé até ao tarso, podendo afetar um ou mais dos raios centrais do pé. A correção cirúrgica deve ser tentada precocemente de forma a evitar futuras adaptações patológicas compensatórias do pé.
Os autores apresentam um caso de uma mulher adulta com calosidades dolorosas nos pés e dificuldade a calçar sapatos.
Após ter sido realizado o diagnóstico, foi submetida a tratamento cirúrgico. Após um ano de “follow-up”, a doente encontra-se muito satisfeita com o resultado, e foi proposta para a correção cirúrgica do outro pé.
O caso foi dado a conhecer ao mundo numa das últimas edições do Journal of the Foot and Ankle (https://bit.ly/3vJaMOa), uma publicação científica, que tem como objetivo divulgar trabalhos sobre temas de medicina e cirurgia do pé e tornozelo.
“Ficámos muito orgulhosos de podermos contribuir para o conhecimento. De facto, nós inovámos na forma como tratámos o pé da paciente”, realça Arminda Malheiro.
Não existe consenso no tratamento cirúrgico desta deformidade, e pela sua raridade, poucas publicações discutem o tratamento cirúrgico. Esta é apenas a segunda descrição de um tratamento cirúrgico de “pés de lagosta” – em idade adulta – e o primeiro em que foi utilizada fixação interna.
A deformidade é cientificamente denominada de ectrodactilia, uma anomalia congénita do desenvolvimento embriológico muito rara (1: 90 000) que afeta, predominantemente, o sexo masculino. Pode aparecer de várias formas com uma probabilidade de 50 por cento se um dos pais tiver a patologia. Na maioria das vezes acomete ambos os pés e, eventualmente, pode afetar ambas as mãos.