Neurocirurgião quer descobrir porque viajar no espaço diminui a visão
Edson Oliveira, neurocirurgião do Hospital de Santa Maria, está integrado num projeto que está a ser desenvolvido pela NASA, MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts e o Massachusetts General Hospital, para estudar uma síndrome neuro-ocular induzida por voo espacial.
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De acordo com o neurocirurgião, com a permanência na Estação Espacial Internacional, a acuidade visual diminui, podendo atingir valores de 30 por cento em meio ano, o que é bastante significativo.
Existem, ainda, alterações na retina, com hemorragias e edema da papila, e no globo ocular, que fica mais achatado. “E isto preocupa bastante quando se está a almejar uma viagem a Marte, com três anos entre ir e voltar”, afirmou em entrevista à Revista E, do Expresso.
“Suspeita-se de que, no espaço, existe um aumento da pressão intracraniana do ponto de vista crónico, de longa duração, o que origina uma hipertensão ocular”, acrescentou.
Como a pressão intracraniana tem de ser medida no espaço, estão a validar um dispositivo, desenvolvido pelo MIT, que mede esta pressão de forma não invasiva.
Referiu ainda que, “além do globo ocular, verificam-se alterações anatómicas no cérebro, que se identificam em ressonância magnética. Por exemplo, o sulco central (que divide duas grandes áreas funcionais) fica mais pequeno. E o sistema neurovestibular, do equilíbrio, sofre alterações profundas porque não tem gravidade para se orientar”.
Com a ausência da gravidade, “os movimentos da cabeça originam uma vertigem constante e esta é a primeira alteração que os astronautas sentem e que ocorre novamente quando regressam à Terra”. Existe, também, uma “perda de cálcio e de densidade óssea, obrigando os astronautas a duas horas de exercício todos os dias”.
Outra adaptação é a alimentação, uma vez que só há alimentos frescos “a cada dois meses, quando chega a nave de carga. Todos eles dizem que têm saudades do cheiro do café”.