“Menopausa masculina” também atinge jovens
Durante consultas de rotina, muitos homens conversam com o seu médico sobre problemas de desempenho sexual, como disfunção erétil e baixa libido. Alguns fatores de risco para essas manifestações são obesidade, stress e sono inadequado.
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No entanto, segundo vários especialistas, questões de estilo de vida não são os únicos motivos para o aparecimento de dificuldades na vida sexual. Declínio nos níveis de testosterona, também chamada de “menopausa masculina” ou andropausa, é outro fator que pode exercer influência sobre a função sexual, especialmente em homens mais velhos.
Essa diminuição da hormona masculina é comum e geralmente ocorre de forma constante ao longo da vida. “Após os 40 anos, os homens experimentam uma redução de três por cento na testosterona a cada ano. A partir dos 60 anos, cerca de 20 por cento dos homens experimentam andropausa”, explicou Geovanni Espinosa, médico naturopata, à CNN.
Segundo o site especializado em saúde e nutrição Medical News Today, apesar de ser mais comum em homens mais velhos, principalmente naqueles com doenças cardíacas, obesidade, pressão alta e diabetes tipo 2, o declínio hormonal pode manifestar-se também em homens mais jovens.
Essa reação do corpo masculino pode ser causada por alterações de humor e nos níveis de energia, assim como pelo regime alimentar, genética, condições de saúde e medicamentos, por exemplo. Felizmente, o problema pode ser contornado com medidas simples, como melhorar a alimentação e a qualidade do sono.
A redução da testosterona no organismo masculino pode trazer uma série de complicações, como ganho de peso, insónia, diminuição da densidade muscular e óssea, raiva e depressão, além da diminuição da libido e outros problemas sexuais.
Esses sintomas aparecem principalmente quando os níveis hormonais estão cerca de 50 por cento menores, níveis comuns entre homens com idades acima dos 80 anos.
Mas como reverter a queda nos níveis de testosterona? Uma opção para fazer face ao problema é a terapia de reposição hormonal, assim como acontece na menopausa para as mulheres. Entretanto, essa abordagem oferece riscos, como o declínio da produção de espermatozoides e o encolhimento dos testículos.
“A testosterona, como todas as hormonas, tem múltiplas ações em muitas funções do corpo e na mente. Na minha opinião, [essa hormona] deve ser tomada - e prescrita - apenas para corrigir uma deficiência documentada por exames de sangue apropriados”, recomendou Andrew Weil, famoso médico norte-americano.
O especialista explica ainda que a melhor forma de contornar o problema é optar por uma abordagem integrativa da saúde sexual, pois esta avalia todos os fatores que podem estar a afetar os níveis de testosterona.
Outras recomendações incluem manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos de forma moderada, utilizar suplementos alimentares, controlar os níveis de stress e melhorar a qualidade do sono.
Segundo vários especialistas, se a dieta é baseada no consumo de alimentos que promovem a acumulação de gordura - que pode levar à obesidade ou provocam resistência à [url-nolink=/pt/medicamentos/DCI/insulina-humana/informacao-geral]insulina[/url], fator de risco para a diabetes -, isso pode induzir as células adiposas (responsáveis pelo armazenamento de gorduras e regulação da temperatura corporal) a funcionarem como “esponjas”, absorvendo a testosterona e, consequentemente, diminuindo os níveis disponíveis da hormona no organismo.
É comum as pessoas associarem altos níveis de testosterona à prática desportiva, mas isso é parcialmente verdade. O levantamento de peso, por exemplo, que trabalha músculos maiores, como pernas e costas, de facto promove esse ganho hormonal. No entanto, outros exercícios com efeitos cardiovasculares (cardio training), na verdade, reduzem a produção da hormona. Portanto, é importante ser moderado e evitar escolher muitas atividades físicas com efeito negativo sobre a testosterona.
Após receber o diagnóstico de baixos níveis de testosterona, os homens devem discutir com o seu médico o uso de alguns suplementos, especialmente aqueles ricos em [url-nolink=/pt/medicamentos/DCI/colecalciferol-ou-vitamina-d3/informacao-geral]vitamina D[/url] e [url-nolink=/pt/medicamentos/DCI/zinco/informacao-geral]zinco[/url], pois estes nutrientes desempenham um papel importante na produção da hormona masculina, afirmaram os especialistas.
Produtos à base de ervas como a Ashwagandha - conhecida pelos efeitos afrodisíacos, e por melhorar o sono e combater a ansiedade - e a Rhodiola rosea, capaz de diminuir os níveis de ansiedade e stress, também são úteis.
Já Ian Kerner, conselheiro sexual e psicoterapeuta, referiu que os homens devem testar os níveis hormonais, ainda que nem todos os problemas sexuais sejam provocados pela queda dos níveis de testosterona. Para homens jovens, os níveis considerados adequados estão entre 270 e 1030 nanogramas por decilitro.
Alguns suplementos e medicações podem ajudar a controlar a ansiedade e o stress, mas é sempre aconselhável tentar fazê-lo de maneira natural, sem a interferência de substâncias químicas (artificiais ou naturais).
Para melhorar o sono, por exemplo, evite usar dispositivos eletrónicos, como tablet e telemóvel, perto da hora de dormir, pois a luz azul emitida por esses equipamentos pode interferir no processo noturno do sono .
A qualidade do sono também pode ser beneficiada por banhos quentes antes de deitar e um quarto confortável (temperatura média de 21 graus). Praticar técnicas de relaxamento (meditação ou exercícios de respiração) também é recomendado.
A maior parte da testosterona é produzida durante o sono - entre as cinco e as sete horas da manhã -, portanto, é fundamental dormir bem para manter os níveis hormonais a funcionar de forma adequada.
De acordo com o Medical News Today, alguns dos sintomas da andropausa incluem: ondas de calor, mau humor e irritabilidade, acumulação de gordura na região do abdómen e peito, perda de massa muscular, pele seca e fina, suor excessivo, baixos níveis de energia e diminuição do desejo sexual, caracterizado por uma menor frequência de ereção matinal e disfunção erétil.
Um estudo de 2010 publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) identificou outros sinais típicos da queda hormonal masculina, como perda de energia, incapacidade de andar mais de um quilômetro e dificuldade em realizar atividades vigorosas, como correr ou levantar objetos pesados.
Movimentos comuns como ajoelhar ou inclinar-se também podem tornar-se mais difíceis. A diminuição da testosterona pode ainda causar tristeza, fadiga, ansiedade e mudanças de padrões de sono.