Projeto "Costas Saudáveis" sensibiliza para distúrbios articulares
Uma fisioterapeuta do Instituto Piaget de Silves, no Algarve, criou um projeto-piloto para sensibilizar as escolas e as famílias a promoverem medidas que previnam o aparecimento, nos jovens, de dores nas costas e distúrbios ósseos e articulares.
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A adoção de posturas incorretas, em casa e nas salas de aula, o peso das mochilas e a inadequação do mobiliário escolar ao tamanho dos alunos são alguns dos fatores que favorecem o desenvolvimento de distúrbios osteomioarticulares, explicou Beatriz Minghelli, mentora do projeto "Costas Saudáveis".
O programa, iniciado este ano na Escola Superior de Saúde Jean Piaget do Algarve, consistiu, numa fase inicial, na avaliação de alunos de 12 turmas dos 5.º e 7.º anos de uma escola em Silves, com idades entre os dez e os 13 anos, através de teste práticos sobre questões ergonómicas, um teste teórico e a avaliação do peso das mochilas.
Destas, a escola escolheu seis turmas para um grupo experimental a quem a fisioterapeuta ministrou sessões informativas e com uma vertente prática, nas quais explicou a diferença entre os comportamentos corretos e os errados e alertou para a importância de adotar mais cuidados com a coluna vertebral.
Beatriz Minghelli revelou à Lusa que verificou vários problemas, nomeadamente, o facto de muitos dos alunos escreverem praticamente deitados sobre as secretárias, além da desadequação do mobiliário escolar ao seu tamanho: há quem não consiga chegar com os pés ao chão quando está sentado.
"As medidas para resolver o problema podem passar por colocar caixas de madeira debaixo dos pés dos mais pequenos, para dar apoio, à imagem dos que existem nos cinemas, e ajustar as mesas ao tamanho dos alunos", referiu a fisioterapeuta.
Contudo, admitiu, o facto de as aulas não decorrerem apenas numa sala dificulta a implementação das medidas, pelo que defende que as aulas de uma turma possam ter lugar sempre na mesma sala para que cada aluno tenha o seu lugar fixo.
O diretor do Instituto Piaget de Silves, Nelson Sousa, considerou que se trata de medidas de prevenção que podem evitar que um adulto venha a sofrer de distúrbios músculo esqueléticos, uma das principais causas de absentismo laboral.
Segundo Beatriz Minghelli, o problema assume maior gravidade por ser durante a infância e adolescência que a estrutura óssea se desenvolve e estas alterações podem originar doenças ortopédicas e reumatológicas, aumentando o número de correções cirúrgicas, se não forem detetadas a tempo.
Em 2014, a investigadora publicou um estudo realizado em parte dos concelhos do Algarve, já que não obteve autorização de todos os municípios, que reunia dados decorrentes da avaliação a 966 adolescentes da região.
Na pesquisa, verificou-se que aproximadamente 60 por cento dos alunos descreveram ter dor nas costas, o que indica a presença de lombalgia em algum momento da sua vida.
O estudo foi realizado ao abrigo do doutoramento de Beatriz Minghelli, realizado na Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.