Estado de VIH pode afetar progressão de infeção por HPV para pré-cancro cervical
Um estudo com mulheres senegalesas mostrou que a infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV) tinha mais probabilidade de se desenvolver para pré-cancro cervical em mulheres que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (VIH).
Enquanto a maioria das infeções por HPV são eliminadas do organismo pelo sistema imunitário, a infeção persistente por HPV pode levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas e cancro cervical. Pesquisas anteriores indicaram que mulheres VIH-positivas enfrentam um risco aumentado de infeção por HPV, lesões pré-cancerígenas e cancro cervical em comparação com mulheres VIH-negativas.
Realizado pela Universidade do Minnesota, nos Estados Unidos, o estudo analisou dados de seis investigações realizadas entre 1994 a 2010, no Senegal, onde o VIH é endémico. Ao todo, 1 320 mulheres foram seguidas durante dois anos, sendo testadas para HPV e anomalias cervicais de quatro em quatro meses.
Em cada visita clínica, as mulheres foram caracterizadas como normais, HPV-positivas ou HSIL (HPV-positivas com lesões intraepiteliais escamosas de alto grau, uma lesão pré-cancerígena que pode progredir para cancro cervical se não for tratada).
O estudo mostrou que as mulheres VIH-positivas apresentaram taxas mais elevadas de HPV e taxas mais baixas de limpeza da infeção por HPV, do que mulheres VIH-negativas.
As mulheres cujo sistema imunológico estava comprometido pelo VIH também eram mais propensas a ter uma evolução da infeção por HPV para pré-cancro, indicou o estudo.
De acordo com os investigadores, à medida que o VIH esvazia o sistema imunológico do organismo, o HPV deixa de ser controlado, replicando-se e desenvolvendo lesões anormais que podem progredir para cancro.
O estudo sugere que em países como o Senegal na África Ocidental, onde o rastreio do cancro cervical não está amplamente disponível, as mulheres seropositivas podem beneficiar de esforços direcionados de prevenção deste tipo de cancro.
Publicada na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, a investigação destaca a necessidade de vacinação contra o HPV em mulheres jovens que não estejam infetadas pelo VIH.