Cientistas portugueses distinguidos por estudos na área da dor
Um grupo de cientistas portugueses foi distinguido com dois prémios no valor de 15 mil euros, atribuídos pela Fundação Grünenthal, por trabalhos desenvolvidos em Portugal na área de estudo da dor.
SOCIEDADE E SAÚDE
FÉRIAS, QUE MEDICAMENTOS LEVAR? - Descansar sem sobressaltos
Além de tudo o que é preciso programar e acautelar antes de uma viagem, há algumas coisas básicas que devem ir sempre connosco. Os medicamentos, são uma delas. LER MAIS
A pesquisa "A injeção intra-articular de colagenase no joelho de ratos como modelo alternativo para o estudo da nocicepção associada à osteoartrose" venceu o Prémio de Investigação Básica, avaliado em 7 500 euros.
O trabalho é da autoria de Sara Adães, Marcelo Mendonça, Lígia Almeida, José M. Castro-Lopes, Joana Ferreira-Gomes, Fani L. Neto, do Departamento de Biologia Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e do grupo de Morfofisiologia do Sistema Somato-sensitivo (Grupo de Dor), do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S).
Sara Adães, investigadora principal do estudo vencedor, explicou que "os modelos animais usados na investigação da dor associada à osteoartrose centravam-se predominantemente no desenvolvimento de alterações que desencadeiam a dor, falhando na capacidade de reproduzir os mecanismos patogénicos e as características estruturais da doença".
"Nós quisemos avaliar se o modelo da injeção de colagenase, até então utilizado apenas para o estudo das características estruturais da doença, reproduziria também as características da dor associada à osteoartrose. De seguida, utilizámos o mesmo modelo para estudar mecanismos patológicos subjacentes ao desenvolvimento da dor".
Os investigadores verificaram que "o modelo animal apresenta um perfil de desenvolvimento de dor semelhante ao observado na osteoartrose humana, pelo que poderá reproduzir mais eficazmente as características da doença e, consequentemente, permitir uma melhor translação dos resultados experimentais para a prática clínica".
"Observámos ainda que, numa primeira fase de desenvolvimento da doença, a dor associada à osteoartrose tem características predominantemente inflamatórias. No entanto, numa fase mais avançada, a progressão das alterações estruturais articulares cria condições que favorecem a lesão dos neurónios sensitivos que inervam essas articulações e o desenvolvimento de alterações com características neuropáticas, isto é, derivadas da disfunção do tecido nervoso", adiantou.
Também no valor de 7 500 euros, o Prémio de Investigação Clínica foi atribuído a uma equipa da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, composta pelos investigadores Nélia Gouveia, Ana Rodrigues, Sofia Ramiro, Mónica Eusébio, Pedro Machado, Helena Canhão e Jaime da Cunha Branco, pelo trabalho "O encargo da lombalgia crónica na população adulta portuguesa: resultados de um estudo de base populacional (EpiReumaPt)".
"Até à data, a prevalência e o encargo social da lombalgia crónica eram desconhecidos e o nosso grupo de investigação decidiu explorar esta questão tendo em conta os seguintes tópicos: prevalência, peso social da lombalgia crónica e análise do encargo adicional dos sintomas psicológicos (ansiedade e depressão) em indivíduos com esta patologia", disse Nélia Gouveia, investigadora principal.
A investigação apurou que "a lombalgia crónica é um problema de saúde muito comum em Portugal, afetando 10,4 por cento da população adulta (o que corresponde a mais de um milhão de portugueses)".
"Verificámos ainda que a lombalgia crónica contribui para uma grande incapacidade por parte dos doentes e pior qualidade de vida, com efeitos consideráveis no desempenho laboral e bem-estar dos indivíduos, estando ainda associada a um grande consumo de recursos de saúde", acrescentou a investigadora.
Os prémios serão entregues no dia 23 de setembro, às 17h00, na Fundação Calouste Gulbenkian, numa cerimónia que vai ser precedida de um colóquio dedicado ao tema "Cognição e Dor".