Um novo estudo mostrou que o sistema de comunicação do cérebro cumpre tarefas duplas, libertando resíduos e orientando uma “molécula de apetite” que informa os seres humanos quando estes devem comer.

"As pessoas geralmente pensam nas células cerebrais como sinais de comunicação através das sinapses entre elas; mas nós mostrámos que o cérebro tem outra maneira complementar de se comunicar enviando esses sinais para o líquido cefalorraquidiano", esclareceram os autores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Na comunicação célula-a-célula, os neurónios passam informações “discretas” para neurónios individuais ou outras células. No entanto, o líquido cefalorraquidiano distribui um ‘boletim informativo´ específico.

Os cientistas sabem há muito tempo que os sinais são enviados de célula para célula, ou através dos vasos sanguíneos.

O estudo, publicado na revista Cell Metabolism, mostra que o cérebro regula alguns processos libertando e dispersando moléculas, e neste caso, um neuro-peptídeo, através do líquido cefalorraquidiano, que influencia o apetite.

Para o estudo, os investigadores concentraram-se na hormona concentradora de melanina, um neuro-peptídeo gerado por neurónios no centro da fome do cérebro, o hipotálamo lateral, que se localiza na base do cérebro logo acima da glândula pituitária. Uma molécula de proteína, MCH, estimula o apetite, ao mesmo tempo que também pode diminuir o gasto de energia.

Através de uma série de experiências com ratos, os especialistas estimularam a libertação do peptídeo da fome e seguiram-no no líquido cefalorraquidiano.

"Quando lançámos o MCH no líquido cefalorraquidiano, os animais começaram a comer; por outro lado, quando reduzimos os níveis da molécula, vimos o efeito oposto", explicaram.

Com base nestas descobertas, os investigadores determinaram que a libertação do peptídeo é provavelmente influenciada pelo relógio circadiano e uma rotina diária de refeições.